O farmacêutico, professor e poeta Antonio Mariano Alberto de Oliveira (1857-1937), nascido em Saquarema (RJ), explica que era apenas “Um Cheiro de Espádua”, mas o poeta consumiu toda a essência dela.
CHEIRO DE ESPÁDUA
Alberto de Oliveira
Quando a valsa acabou, veio à janela,
sentou-se. O leque abriu. Sorria e arfava.
Eu, viração da noite, a essa hora entrava
e estaquei, vendo-a decotada e bela.
Eram os ombros, era a espádua, aquela
carne rosada de um mimo! A arder na lava
de improvisa paixão, eu, que a beijava,
hauri sequiosa toda a essência dela!
Deixei-a, porque a vi mais tarde, oh, ciúme!
sair velada da mantilha. A esteira
sigo, até que a perdi, de seu perfume.
E agora, que se foi, lembrando-me ainda,
sinto que à luz do luar nas folhas, cheira
este ar da noite àquela espádua linda!