Claudia Sheinbaum foi eleita ontem a primeira mulher presidente do México. Representa um marco nesse país entre os mais ricos do mundo em História. O México carrega o mais elevado número de experimentos civilizatórios, iniciando com os Olmecas, tendo suas origens há mais de 4.500 anos e obteve seu auge há 3.000 anos, depois se criaram as civilizações dos Teotihuacanos, Mayas, Zapotecos, Toltecas, Mixtecos, culminando com o Império dos Mexicas abatido pela invasão espanhola.
Na verdade, o México vive muitas camadas culturais, com 68 línguas originais, que se desdobram em quase 300 varieade linguísticas, estando entre os países com as maiores diversidade linguística do mundo. Isso numa população de mais de 130 milhões de habitantes, que em parte se misturaram aos espanhóis, fazendo o México o país com maior população de língua espanhola.
Em meados do século 19, o México perdeu primeiro o Texas para os Estados Unidos e logo depois perdeu mais da metade do seu território de uma só vez para os gringos: Califórnia, Arizona, Novo México, Nevada e Utah inteiros eram do México, além de partes do Colorado, Oklahoma, Kansas e Wyoming. Ou seja, o México foi destroçado pelo poderia militar dos Estados Unidos.
E hoje não é por acaso que a direita gringa considera que o maior problema deles é a “invasão” de mexicanos que hoje tem 40 milhões no território dos Estados Unidos, equivalente ou mesmo superior a toda a população do Canadá. Existem projeções que essa população possa alcançar 100 milhões nas próximas três décadas.
É nesse contexto que chega Claudia Sheinbaum. Valendo ressaltar que ela é judia, parte de uma população judaica de 40.000 vivendo no México, representando portanto 0,03% da população mexicana. Isso poderá trazer grandes implicações geopolíticas para o México, que não tem sido discutida. Isso porque, como judia, a nova presidenta do México poderá ter alinhamentos naturais com Israel e, certamente, com a elite judaica dos Estados Unidos.
Essa é a grande questão que vai surgir no México: qual o impacto para a política externa ao se ter uma judia no comando maior do país? O México vai continuar “independente” dos Estados Unidos, ou uma judia como presidenta vai compor com as altas elites judaicas gringas. Basta dizer que no governo de Biden tem mais de 50 membros da comunidade judaica, a exemplo dos quatro entre os mais importantes: a Secretária do Tesouro (equivalente a ministra da fazenda) Janet Yellen, o Chief of Staff do Presidente (equivalente a Chefe da Casa Civil) Jeff Zients, o Secretário de Estado (equivalente a ministro das relações exteriores) Anthony Blinken, o Procurador Geral Merrick Garman, entre outros.
Esse é o ponto mais central em termos de implicações internacionais. A presidenta do México se tornou a política de origem judaica mais importante do mundo, acima do primeiro ministro de Israel e do presidente da Ucrânia. Isso certamente terá implicações que são difíceis de prever.
Fora isso, a grande dúvida é quanto à questão da lealdade que a nova presidenta vai ter ao seu padrinho e mentor, o atual presidente, Andrés Manuel López Obrador. Até que ponto ela vai seguir as políticas internas do seu antigo chefe? Como o próprio López Obrador, conhecido popularmente como AMLO, vai também se comportar? Vai querer controlar a pupila ou terá autocontrole?
Adicionalmente, existem os problemas dramáticos no México, do poder do narco tráfico, da violência na periferias, da pobreza e tantas outras mazelas que afetam todo o chamado terceiro mundo. E tem o plano do meio-ambiente, que a nova presidenta tem altíssimas qualificações como especialista no setor.