O Leão Na Praça De São José, Em Carpina, É Uma Homenagem Aos Heróis Pernambucanos. Por Flávio Chaves

Um Símbolo de Resiliência e História

Por Flávio Chaves – Jornalista, escritor, poeta e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc

No coração de Carpina, na praça de São José, um monumento se ergue como testemunha silenciosa da bravura e do espírito indomável dos pernambucanos. Idealizado pelo visionário Dr. Chateaubriand de Mello, este marco não é apenas uma estrutura de pedra e metal, mas um tributo eterno aos heróis que moldaram a história de Pernambuco.

A gênese desta obra monumental remonta ao início do século XX, precisamente no ano de 1906. Naquele tempo, o presidente eleito do Brasil, Affonso Penna, estava em uma excursão pelo Nordeste, buscando compreender de perto a realidade e as necessidades da região. Em 7 de junho, sua jornada o levou ao então pacato povoado de Floresta dos Leões. Ali, na simplicidade de uma estação ferroviária, Penna e sua comitiva foram calorosamente recebidos por uma comunidade ansiosa e entusiasta, que via naquela visita uma oportunidade ímpar de se conectar com o mais alto escalão do governo nacional.

Foi durante este encontro, marcado por homenagens e saudações, que o Dr. Chateaubriand de Mello se dirigiu ao presidente eleito com um pedido singular: a abertura de uma subscrição popular para erigir um monumento em homenagem aos heróis pernambucanos. A proposta foi recebida com entusiasmo por Affonso Penna, que prontamente aceitou encabeçar a iniciativa, doando generosamente a quantia de cem mil réis. Este gesto de apoio foi o pontapé inicial para um movimento comunitário vibrante, onde muitos se uniram em torno do sonho de ver aquele monumento erguido.

A construção, marcada pela dedicação e colaboração de inúmeros cidadãos, culminou com a inauguração solene na manhã do dia 7 de setembro de 1909. Esta data, carregada de simbolismo patriótico, foi escolhida a dedo para celebrar a concretização de um projeto que não só honrava os heróis do passado, mas também inspirava as gerações futuras a valorizar a coragem e o sacrifício daqueles que vieram antes.

Este monumento não é apenas uma estrutura de pedra; é um marco de resistência, homenagem e celebração. Representa os ideais de coragem e sacrifício daqueles que moldaram a história de Pernambuco. Mais do que uma obra arquitetônica, é um testemunho vivo da capacidade humana de lembrar, reconhecer e honrar o passado.

Visitá-lo é embarcar em uma jornada pelo tempo, refletindo sobre os valores e as lutas que definiram nossa história. Cada detalhe esculpido, cada nome gravado, conta uma parte da grande narrativa que é a história pernambucana. E assim, a coluna e o leão permanecem, como  sentinela silenciosa, guardando as memórias e inspirando futuras gerações a valorizar e respeitar seu legado.

Hoje, ao contemplar esse marco da lembrança aos heróis pernambucanos em Carpina, somos convidados a uma reflexão profunda sobre nossa própria história. Ele não é apenas uma recordção estática de eventos passados, mas um vibrante lembrete da força coletiva e da capacidade de transformação de uma comunidade unida por um propósito comum. Assim, este patrimônio se destaca não apenas como o mais importante da cidade, mas como um símbolo duradouro de resistência, memória e orgulho.