Por CLAUDEMIR GOMES
O Campeonato Brasileiro – Série A – começou a ser disputado neste final de semana. A grata vitória do Fortaleza sobre o São Paulo – 2×1 – na casa do adversário, me fez lembrar a boa época em que o futebol pernambucano sempre tinha um representante, ou mais, na elite do futebol nacional.
“Sem sofrimento!”, como diz o mestre, Humberto Araújo. Hoje é domingo, dia de não fazer nada, dia de se espalhar ouvindo uma boa música. O eleito foi o espetacular, Chico Buarque de Holanda, que décadas atrás nos brindou com uma pérola batizada por: Bom Tempo.
“Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo…”
Faço fé mestre Chico. Até porque os homens da minha geração sempre cantaram com o Ivan Lins: “Desesperar jamais. Aprendemos muito nesses anos”.
O boato na praça é de que, deputados, vereadores, cronistas esportivos, torcedores, dirigentes, vendedores ambulantes, médicos, enfermeiros, ruralistas, a turma do MST, enfim, todos juntos, vão dar início a um movimento cujo objetivo é a restauração do futebol pernambucano. Dentre as metas traçadas, o impeachment do presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho.
O movimento vem ganhando corpo, queima que nem fogo de monturo, mas as primeiras labaredas devem aparecer nesta segunda-feira, quando do encontro do deputado, Eduardo da Fonte, com representantes da imprensa esportiva.
Vale lembrar que, Evandro Carvalho é tão querido no futebol pernambucano, quanto o ministro do STF, Alexandre de Moraes, é amado pelos bolsonaristas. Mas ambos resistem as “injustiças do amor”. Sabem se defender com as armas do Direito, e posam como imexíveis, ou inatingíveis.
Evandro está na FPF desde a década de 80. Foi levado pelo ex-presidente, Fred Oliveira. Fez um bom trabalho na área jurídica. Seguiu como um fiel escudeiro do saudoso, Carlos Alberto Oliveira, e está sentado na presidência da entidade há mais de uma década. Apesar do conhecimento que tinha da casa, quando assumiu a presidência não correspondeu as expectativas. É o típico caso do sargento que vestiu a farda do general. Resultado: o futebol perdeu um excelente sargento e ganhou um péssimo general.
Recentemente estive na sede da FPF e fiquei impressionado com o deserto. Não é fácil encontrar uma viva alma no prédio que já foi referência entre as sedes das federações estaduais. Sinais dos tempos.
“Sinto falta do calor humano!”, exclamou o sábio e sensível jornalista, Lenivaldo Aragão, que teve o privilégio de vivenciar o dia-a-dia da federação desde a época do presidente, Rubem Moreira.
Talvez a resposta daquele deserto em que se transformou a sede da FPF esteja na obra do colombiano, Gabriel Garcia Marques: “Cem Anos de Solidão”. Ou nos trainees de ditadores que tem passado por lá.
Não podemos esquecer que, a dinâmica do futebol tem duas vertentes no Brasil: a que observamos no jogo jogado dentro das quatro linhas, e a dos bastidores, definida pelos gestores. Esta segunda não anda, razão pela qual nosso futebol está cada vez mais distante da nova ordem do futebol europeu.
O passarinho cantou que vem aí bem tempo.
Estou no aguardo.
