Gilberto Clementino dos Santos
Ajudar o país nesse momento requer sinceridade e prudência, respeitando-se o devido processo legal? Previsto pelo artigo 5º, inciso LIV, da Constituição, garante que o indivíduo só será privado de sua liberdade ou terá seus direitos restringidos mediante um processo legal, exercido pelo Poder Judiciário, por meio de um juiz natural, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
Hoje, o processo parece substituído pelas narrativas. Cada um conta a história a seu jeito. Os jornalistas (quase todos) embarcaram nessa canoa, que ignora o devido processo legal e alimenta seguidas narrativas.
Sem devido processo legal e atuando sob a construção de narrativas políticas que servem aos iluminados de plantão, fica prejudicada a recuperação de padrões civilizatórios, com exercício pleno de cidadania.
GOLPE DA DILMA – Apenas oito anos depois, hoje poucos lembram que a presidente Dilma Rousseff e Lula tentaram dar um golpe de estado em 2016. Em entrevista assinada por Paulo Briguet no site Brasil Sem Medo, o ex-senador e ex-prefeito Arthur Virgílio relembra o episódio em que a então presidente Dilma pediu apoio do Exército para decretar Estado de Defesa e escapar do impeachment.
No início de abril de 2016, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, muito amigo do general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, recebeu uma ligação dele, convidando-o a ir a Brasília. O prefeito perguntou se poderia levar o senador José Agripino Maia, e o comandante concordou.
Dias depois, Arthur Virgílio foi até a sede do Exército em Brasília, acompanhado por José Agripino. Imaginou que seria uma reunião a três, mas se surpreendeu quando foi levado a uma sala onde estava o Alto Comando do Exército.
DISSE O COMANDANTE – Na reunião, Villas Bôas contou que fora chamado para uma reunião no Palácio do Planalto, que o jornalista Paulo Briguet reproduz na reportagem:
“Estou precisando da sua solidariedade. Estou sendo acossada e atacada por todos os lados. Estão querendo meu impeachment sem que eu tenha cometido nenhum crime! Eu pretendo decretar o Estado de Defesa e preciso do seu apoio como Comandante do Exército” — disse Dilma.
Villas Boas ficou atônito, mas respondeu de forma precisa: “Presidenta, a senhora sabe que não sou um homem de muitas palavras. Mas vou dizer com clareza aqui: ao decretar o Estado de Defesa, o governo estaria proibindo manifestações públicas pacíficas. Para isso, a senhora não conte nem comigo, nem com o Exército Brasileiro”.
A reunião terminou rapidamente, as manifestações populares continuaram e Dilma sofreu o impeachment por suas pedaladas fiscais.
LEMBRA VIRGÍLIO – Recentemente, Arthur Virgílio foi às redes sociais para recordar esse desonroso pedido de Dilma Rousseff.
“A tentativa de golpe por parte de Dilma e do PT é algo incomparavelmente mais concreto do que todas essas acusações frágeis ao ex-presidente Bolsonaro. Às vésperas da votação do impeachment, Dilma e Lula tentaram proibir as manifestações pacíficas do povo brasileiro e pressionar deputados e senadores para que não votassem o impeachment. Queriam fazer isso com o apoio do Exército, ou seja, com a força das armas”.
Sobre as atuais acusações contra Bolsonaro, Arthur Virgílio é enfático: “Outro dia eu vi na TV que Bolsonaro teria participado de um suposto plano de golpe, com base em uma minuta que não foi assinada e jamais foi colocada em prática. Aí prendem o presidente do maior partido de oposição por posse de arma e de uma pepita de ouro. No caso da Dilma, houve não apenas um plano, mas uma tentativa real de calar as manifestações e intimidar o Congresso. E ela ainda ficou com os direitos políticos!”