Carpina é Poesia. Poeta Flávio Chaves

Poeta Flávio Chaves – Membro da Academia Pernambucana de Letras

Num amado planalto tocado pelo frenesi urbano, aninhado entre colinas verdejantes e o abraço acolhedor do tempo, encontra-se Carpina. Uma cidade de grandes lembranças, vasta em tantas histórias, onde cada esquina sussurra antigas canções e as ruas se entrelaçam como estrofes de um poema eterno. Hoje, porém, Carpina desperta em versos, transformando sua rotina cotidiana em uma sinfonia de poesia.

Ao amanhecer, as ruas de paralelepípedos ecoam com o tilintar suave dos sinos da igreja, anunciando não apenas um novo dia, mas uma página em branco esperando ser preenchida com palavras inspiradoras. Os habitantes de Carpina, ao saírem de suas casas, tornam-se personagens dessa narrativa poética, dançando na melodia dos seus próprios passos, movendo-se como versos cadenciados.

A praça central, com seu verde majestoso, torna-se o palco principal dessa performance diária. Sob a sombra das árvores antigas, os idosos, guardiões da tradição, sentam-se nos bancos de madeira, contando histórias que se transformam em sonetos ao vento. Jovens enamorados, com olhares cúmplices, escrevem seus próprios capítulos de amor no chão de pedra desgastado.

Nas ruelas estreitas, a feira livre é um poema visual. As barracas, como estrofes coloridas, exibem frutas suculentas e legumes frescos, enquanto os vendedores, com seus sorrisos generosos, declamam ofertas tentadoras. O perfume das especiarias e o burburinho alegre formam um soneto que desperta os sentidos e alimenta a alma da cidade.

Carpina também é abraçada pela natureza, uma musa constante na composição de sua poesia. Os campos verdejantes que se estendem até onde os olhos alcançam são como estrofes infinitas, cada árvore uma palavra de esperança, cada flor uma pincelada de cor no quadro da paisagem.

A noite cai suavemente sobre Carpina, mas a cidade não se despede do espetáculo. Sob as estrelas cintilantes, os bares e cafés se transformam em palavras entrelaçadas, com risadas e conversas fluindo como versos improvisados. Nas vielas silenciosas, as fachadas antigas das casas contam histórias silenciosas, iluminadas apenas pela luz tênue dos olhos de cada rua.

Carpina agora é poesia, um épico encantador que se desenrola a cada momento. Nas suas ruas, nas suas praças, nas suas casas, cada respirar é uma sílaba, cada passo é uma estrofe, e cada encontro é um verso. Nesta cidade onde o tempo dança lentamente, a vida é um poema que se escreve com o coração, onde a simplicidade cotidiana é traduzida em uma linguagem universal – a poesia que é Carpina.