Aqui estou Carpina: “foi a saudade que me trouxe pelos braços”. Por  Flávio Chaves

Por  Flávio Chaves – Poeta, escritor, jornalista e membro da Academia Pernambucana de Letras e filho de Carpina.

Era uma tarde tranquila quando o trem parou na estação, trazendo consigo não apenas passageiros, mas também as memórias de um passado distante. Ao desembarcar, senti a nostalgia abraçar-me, como um calor familiar que só a terra natal é capaz de proporcionar.

Na estação, buscava ansiosamente os traços familiares, a arquitetura conhecida e, principalmente, o sorriso daqueles que marcaram minha infância. A expectativa crescia a cada passo, e o coração acelerava ao vislumbrar as paisagens que um dia chamei de lar.

Ao alcançar a praça e a paisagem, a emoção transbordava. Era como se o tempo houvesse congelado naquele instante, permitindo-me reviver os dias de criança, correndo descalço sob o sol. As lembranças ganharam vida diante dos meus olhos, como um filme antigo projetado nas andanças que tanto amei.

Não pude conter a alegria ao encontrar os meus amigos, Os abraços, agora reencontrados, pulsava o calor de mil saudades e a promessa de novas histórias a serem escritas na caminhada.

Juntos, seguimos o caminho que tantas vezes trilhamos, imersos na magia daquele instante. Cada passo era uma reconexão com as raízes, com a essência que só o coração de uma criança pode sentir. Nos espaços, a vida parecia mais simples e plena, como se o tempo se desacelera para apreciarmos cada detalhe.

Enquanto caminhávamos com o sonho de um novo tempo, percebi que o sonho de voltar se tornará realidade. Mesmo nos dias de solidão, o pensamento na terra amada do lugar era um refúgio, um bálsamo capaz de transformar o frio piso da trilha em calorosas lembranças.

Assim, entre risos e histórias compartilhadas, no solo leve e terno de Carpina, afirmei meu vínculo com as raízes que moldaram minha essência. Cada recanto daquela terra parecia sussurrar: “Bem-vindo de volta.” E ali, na simplicidade da vida no interior, encontrei a verdadeira riqueza: o amor, as memórias e a eterna ligação com a história de minha infância e a memória de todas as ruas que tanto me ensinaram a sonhar. Vamos de mãos dadas por amor à humanidade.