O poeta bebe demais, fica muito mal e canta a balada da irremediável tristeza

Renault  teve uma ressaca poética

Renault amargou uma ressaca poética

O professor, tradutor, ensaísta e poeta mineiro Abgar de Castro Araújo Renault (1901-1995), da Academia Brasileira de letras, no poema “Balada da Irremediável Tristeza”, reconhece que não estava nada bem naquele dia.

BALADA DA IRREMEDIÁVEL TRISTEZA
Abgard Renault

Eu hoje estou inabitável…
Não sei por quê…
levantei com o pé esquerdo:
o meu primeiro cigarro amargou
como uma colherada de fel;
a tristeza de vários corações bem tristes
veio, sem quê, nem por quê,
encher meu coração vazio…vazio…

Eu hoje estou inabitável…
A vida está doendo…doendo…
A vida está toda atrapalhada…
estou sozinho numa estrada
fazendo a pé um raid impossível.

Ah! se eu pudesse me embebedar
e cambalear…cambalear…
cair, e acordar desta tristeza
que ninguém, ninguém sabe…
Todo mundo vai rir destes meus versos,
mas jurarei por Deus, se for preciso:
eu hoje estou inabitável…