A má educação em campo. Por CLAUDEMIR GOMES

Por CLAUDEMIR GOMES

Gosto de futebol!

Milhões de brasileiros gostam de futebol. Um dos sonhos, de nove entre dez garotos do nosso País, é ser jogador de futebol. Vivemos na “Pátria de Chuteiras”, como bem falou o mestre, Nelson Rodrigues.

Não é à toa que o futebol é considerado o esporte mais popular do planeta. Dizem que ele explica o Brasil; explica o mundo, e até mesmo a própria vida. Bom! Isto é mote para reflexões dos seguidores das teorias do mestre, Freud. Como não passo de um escriba enxerido, vou por pra fora, aquilo que está enchendo o meu saco.

O fato de nunca ter tido intimidade com a bola, no máximo fui candidato a beque de usina, daqueles que davam chutões na bola, pra onde o nariz estivesse apontando, não arrefeceu, em momento algum, minha paixão pelo futebol. Até porque tive o privilégio, de ver centenas de craques em ação. Virtuosos que, hoje em dia, já não se “fabrica” mais.

O mundo está interligado, e isto nos oportuniza ver jogos de tudo quanto é canto. Imagine que, a televisão colocou na sua grade, até o Campeonato Saudita. Sinais dos tempos. Antes, a turma de lá, gostava de ver os craques que coloriam os campos de cá. Hoje, rezamos para que a turma de cá se eduque com os profissionais de lá.

Pois é! O excesso de malandragem do jogador brasileiro, a má educação, que atingiu um patamar altíssimo, está tirando a graça do jogo jogado no País da Bola. Anexe a este contexto, a morosidade do VAR, que prejudica toda a dinâmica da partida, com interrupções que duram até oito, nove minutos, para definir um impedimento provocado por um “cabelinho de sapo”.

Você deixa a sala, vai no sanitário, faz todas as necessidades, e quando volta a equipe do VAR ainda está discutindo o sexo dos anjos. Acho que o problema está nas cores das linhas: vermelho e azul. Não podemos esquecer que o Brasil está rasgado no meio. De um lado a turma do cordão encarnado, do outro, a galera do cordão azul. As cores não podem se misturar. E quem disser que uma, ou outra, está errada, terá a cabeça posta a prêmio. O tira teima do VAR segue esta linha.

A irreverência, o deboche, coisas desse tipo, que antes eram expressas na ginga do jogo, deixou o campo para dar lugar a simulação, a fakes grosseiros emoldurados por um gestual bizarro. O que antes era posto na latrina, onde se praticava o melhor futebol do mundo, virou marca registrada da pátria das mentiras.

Minha mulher, Áurea Regina, é noveleira de carteirinha. Ultimamente ela tem dado audiência a seção: Vale a Perna ver de Novo. Ela faz um comparativo entre o antes e o agora. Tece críticas aos autores atuais, mas não deixa de assistir nenhum dos títulos ora em exibição.

Acho que estou assimilando um pouco do jeito de ser de Áurea Regina. Assisto a um montão de jogos de times e seleções europeias. Também vejo um punhado de jogos, de várias competições brasileiras. A diferença entre o comportamento dos profissionais de lá, e dos profissionais de cá, é gritante. Resumo da ópera: o jogador brasileiro precisa se educar.

Afinal, a má educação atravanca a evolução.