O poeta Luiz de França do Nascimento, conhecido por Casado, é natural de Carpina. É formado em Letras e Licenciatura Plena em Letras, pela Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata. Casado com Alice Rosa de Oliveira Nascimento, é pai de três filhas. Aos 32 anos passou a escrever versos e ressalta que “não sabe se é poesia, mas que brotam do âmago do seu coração”.
A obra do poeta Luiz de França têm em comum uma relação de apego com a poesia como quem traça linhas à caminho da beleza dos vitrais. O autor, ora em tela, dotado de formação acadêmica, maneja bem, talvez, de forma inconsciente, os códigos e conceitos da poética, mas usa dessa habilidade para subverter o destino das coisas apanhadas na experiência de sua caminhada e não para se desobedecer ao cânone. Não busca a erudição pedante, mas conduz a sua poesia num sofisticado intimismo elaborado.
O poeta carpinense abre a folha de papel em branco anunciando a vida da poesia viva, ele não faz necropoemas escreve com acenos de luz. O que o autor leva consigo é a poesia do cotidiano que está no pregão dos feirantes, nos apontamentos das cadernetas de adolescentes apaixonados, na candura dos que escutavam músicas que desfilavam nas madrugadas e na vocação das preces para salvar os sermões dominicais celebrados na frente da matriz. Toda essa formação telúrica do ser poético em Luiz de França vem de carruagem desfilando tempo-passado no para-choque da maria fumaça que apitava delicadeza nos que acreditam que a cidade se constrói com o sonho dos humanos.
CARPINA
Poeta Luiz de França
Carpina lembra
O José lá de Belém
E do belo Carpinteiro
Este seu nome vem.
Carpina lembra o Mestre
O homem de Nazaré
O Filho do Carpinteiro
Que nosso Salvador é.
Carpina lembra os adornos
Que as nos casas têm
Lembra pua, martelo e formão
Que do carpinteiro vem.
Carpina terra bendita
De amor, paz, religião e fé
Sob as bençãos sacrossantas
Do Padroeiro José.
Carpina das grandes festas
Cheias de júbilos e altivez
Festas da Emancipação
Natal, Ano e Santos Reis.
Carpina dos carnavais
Do Espanadores e Lenhadores
Carpina das jovens bonitas
Carpina dos meus amores.
Carpina da juventude
Juventude que trabalha
Brinca e avança
Carpina da mocidade
Mocidade e esperança.
Carpina dos seus colégios
Salesiano, Pio X e Santa Cruz
Pio X da minha vida
Pio X que me seduz.
Carpina dos estudantes
Alunos e professores
Carpina dos intelectuais
Poetas, músicos e doutores.
Carpina dos operários
Dos balconistas e bicheiros
Carpina do homem do frete
Camponeses e ticuqueiros.
Carpina das roletas
Das vísporas e gamão
Carpina do sete e meio
Carpina da perdição.
Carpina dos cabarés
Em movimento pelo verão e inverno
Dos folguedos e dos forrós
Na Rosa de Ouro, Bucica e Inferno.
Carpina de suas igrejas
Onde se faz oração
Católicos e Protestantes
Igreja Batista, Matriz
Sto Antônio e São Sebastião.
Carpina do Trem de Ferro
Atravessando a cidade
Em grande movimentação
Correndo e ceifando vidas
Carpina da Estação.
Carpina das ruas largas
Onde se vive a passear
Carpina das suas praças
Para os brotos paquerar.
Carpina dos restaurantes
Bares, botequins e barraquinhas
Onde o povo se alegra
Tomando a sua caninha.
Carpina do futebol
Esporte que a todos seduz
Carpina do Atlético
Ponte Preta e Colonial
Carpina do querido Santa Cruz
Carpina de tos os esportes
Que se pratica com amor
Carinho e dedicação
Carpina do Hand-Boll e Volley
Carpina do amado União.
Carpina dos potentados
Dos que bem vestem
Bem bebem e bem comem
Carpina dos arrebaldes
Onde o povo passa fome.
Carpina das suas fábricas
E da CELPE que ilumina
Da TELPE, Bancos e COMPESA
Carpina “Moça Menina”.
Carpina terra querida
Meu pedacinho de chão
Meu céu, meu lar, minha vida
Minha terra da promissão.