Um corpo sem cabeça. Por CLAUDEMIR GOMES

 

Por CLAUDEMIR GOMES

O futebol pernambucano chegou ao fundo do poço!

Eis a frase mais repetida, no final de semana, após a consolidação da fracassada campanha do Náutico, na Série C do Campeonato Brasileiro.

Bom! Deduzo que, o fundo do poço seja o fim do caminho. Santa Cruz, Retrô, Náutico e os clubes do Interior, que disputam a Primeira Divisão Estadual, estão em gozo de férias, a quatro meses do final da temporada.

É hora de reconstruir. Todos estão cientes desta realidade. Mas o sistema impede a tão sonhada, e desejada, metamorfose.

Defeito de formação é feito catinga de bosta: não acaba nunca.

O burgomestre, Rubem Moreira, que para muitos foi o maior presidente da história da Federação Pernambucana de Futebol, dentre os legados deixados, está o da cultura vitalícia no comando da entidade que rege o futebol pernambucano.

Com exceção de Dilson Cavalcante, cuja incompetência lhe rendeu uma passagem relâmpago pela presidência da FPF, todos os outros que se sentaram no trono, pós Rubão, pensaram a entidade como: “Coisa minha, pessoal e intransferível”. É assim que reza a cartilha do insucesso.

Os irmãos Oliveira – Fred e Carlos Alberto – comandaram o futebol pernambucano por mais de duas décadas. Evandro Carvalho, atual presidente, foi levado para entidade por Fred Oliveira, na década de 80, do século passado, e através de um trágico acidente de percurso, a súbita morte de Carlos Alberto, em 2011, foi guindado ao cargo de presidente, status que lhe está assegurado até 2026.

Tomando por base a década de 80, do Século XX, observamos que pouca coisa mudou no futebol pernambucano: a mesma praça, o mesmo coreto, só mudam as bandas. Infelizmente, as trocas foram terríveis. As bandas atuais são desafinadas, os músicos não têm embocadura para tocas os instrumentos. Resultado: o público se afastou; os concertos de péssima qualidade desqualificaram o produto. Com tanta gente atravessando os acordes, o futebol pernambucano perdeu o rumo, tal qual a nossa Frevioca.

Mas a festa continua. Os votos das miseráveis Ligas, que se saciam com trinta dinheiros, asseguram o poder quase vitalício do burgomestre. Esse baixo clero, que tira e bota, colocou uma farda de general no sargento. A resultante foi se ter um péssimo general no comando, enquanto se perdeu um bom sargento.

O mundo é feito de comandantes e comandados. Nem todos têm a capacidade, o carisma e o entendimento que exige o cargo de comando. Mas se for eficiente como comandado, dará uma contribuição efetiva para o crescimento da máquina.

Passei minha infância em Carpina, e tal qual toda cidade do Interior, muitas são as estórias, Contos da Carochinha, que são contadas para a criançada. A da Mula sem Cabeça sempre me assustou. Mas tudo não passava de coisa do imaginário, que virava folclore.

Agora, em pleno Século XXI, me assusto ao constatar que o futebol pernambucano é um corpo sem cabeça.