Nas redações, os verdadeiros jornalistas precisam se livrar da influência da imprensa amestrada

O fator imprensa | VESPEIRO

Charge do Moa (Arquivo Google)

Gilberto Clementino

Antigamente, ao colocar o papel direcionando os dedos para o teclado da Remington ou Olivetti, por exemplo, todas as pesquisas possíveis, preliminarmente, tinham sido feitas, fontes checadas e, na maioria esmagadora dos profissionais, o compromisso com a verdade seria a base para a formulação do conteúdo publicado em forma de matéria, que chegaria aos leitores garantindo a informação de qualidade.

Avançamos, certamente, e hoje são as teclas do computador e do celular. O caminho mudou muito, mas as teclas estão presentes para utilização do processamento de texto. De lá para cá, diferente das teclas e comportamento de pessoas físicas e jurídicas, jornalistas e imprensa, mudou o “modus operandi”, vamos dizer assim.

HARAQUIRI NA MÍDIA – A velha imprensa e jornalistas amestrados estão cometendo um verdadeiro haraquiri. Portanto, vamos ser claros, no velho e bom português, lembrando que o haraquiri é aquela técnica de suicídio praticada por tradicionais guerreiros japoneses.

No caso da velha imprensa e jornalistas amestrados, suplico, afastemos o adjetivo guerreiros. Não, realmente hoje não o são, mas respiram sob aparelhos em bases sólidas e históricas de verdadeiros guerreiros, que marcaram o jornalismo brasileiro. Falo de Carlos Chagas, Helio Fernandes, Barbosa Lima Sobrinho, dentre muitos outros que nem diploma de jornalismo tinham, mas marcaram seu nome na história da imprensa brasileira com dignidade, ética e profissionalismo.

COMPROMETIMENTO – O Brasil precisa do comprometimento de todos para sair do atraso e recuperar sua capacidade de desenvolvimento com geração de empregos e avanços socioeconômicos. Mas as análises da velha imprensa sobre a política brasileira estão pecando de modo perigoso.

A missão da imprensa, do jornalismo, vai muito além do que está acontecendo, com determinados comportamentos perigosos, mortais para a credibilidade e confiabilidade. Esse binômio precisa existir para justificar o objetivo profissional.

Precisam lembrar o que juraram: “Prometo, no exercício da profissão de jornalista, assumir meu compromisso com a verdade e com a informação e empenhar todos os meus atos e palavras, meus esforços e meus conhecimentos para a construção de uma nação consciente de sua história e de sua capacidade”.

LIBERDADE, SEMPRE – A imprensa não pode ficar a serviço de governantes ou facções políticas. Apesar da existência de um número enorme de jornalistas amestrados, ainda há grandes profissionais nas redações que podem redirecionar as pautas para uma obrigatória neutralidade, que resulta na divulgação praticamente diária de escândalos de corrupção e outras irregularidades.

Como diz o editor da TI: mas quem se interessa? A meu ver, com toda certeza, há muitos brasileiros que se importam com o desvirtuamento de setores do jornalismo.

Podemos dizer, com otimismo: ainda bem que sobrou muita coisa de qualidade na imprensa e há jornalistas brasileiros que garantem a legitimidade de boas publicações, o que ajuda a evitar que cheguemos ao fundo do poço.