ESCUTATÓRIA TRICOLOR. Por CLAUDEMIR GOMES

Por CLAUDEMIR GOMES

Tem jeito para o Santa Cruz?

Eis a pergunta que ecoa em cada esquina, nos quatro cantos das cidades, do Recife a Petrolina. O pragmatismo das empresas de consultoria econômica aponta que não, por entender que o norte indicado pelos números é a insolvência do clube. Por outro lado, o romantismo do cordel aconselha ninguém ir de encontro a cabeça de cheia, povo unido e vespeiro de cobra coral.

Quem conhece o DNA do Clube das Multidões, cuja centenária história é rica de exemplos de mutirões, entende que, a unidade é a única alternativa de saída para o caos. Os céticos dirão que: unidade em clube de futebol é utopia. E é justamente por falta de união que, o clube mais popular do Estado, se apequenou de forma inversamente proporcional ao tamanho de sua torcida.

Há anos que os tricolores deixaram de exercitar a sábia arte da escuta. Todos que foram escalados para vivenciarem momentos como gestores, se acharam donos da verdade, trocaram os pés pelas mãos, passaram a chamar o clube de MEU, e fizeram o que parecia impossível: deitaram o gigante.

De quem é a culpa?

De todos os falsos profetas. E não adianta ninguém querer marchar sozinho porque o “milagre da ressureição” só existe na Sagrada Escritura.

A reconstrução é possível, entretanto, tudo passa pela capacidade dos tricolores de formar uma unidade sólida, consistente. Para isso, todos precisam aprender a escutar.

O mestre, Rubens Alves, no texto – A ESCUTATÓRIA – onde fala sobre a arte de escutar, adverte: “Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade…”.

O ex-presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Fred Oliveira, comandou o futebol estadual numa época em que, os dirigentes dos clubes falavam, escutavam e se entendiam. Período em que tivemos quatro times do Estado disputando a Primeira Divisão Nacional. Pois bem! Sentindo-se desconfortável com o atual momento do Santa Cruz, Oliveira tomou a iniciativa de reunir um grupo de ilustres tricolores para se falar sobre a crise na qual a agremiação está mergulhada, e que parece insolúvel.

“Existe um clamor, mas ninguém quer admitir que estava escutando. É como se todos estivessem mudos. Conversei com alguns amigos e caí em campo convidando outros para nos sentarmos, e juntos, buscarmos uma saída para esta crise do Santa Cruz. O momento é para se ouvir o que cada um tem para dizer a respeito deste indesejado cenário”, comentou Fred.

O encontro acontece nesta sexta-feira (04/08/2023), no Clube Português do Recife, às 12h30. “Espero que todos os amigos que convidamos compareçam. Este será o primeiro passo em busca de um caminho que leve o Santa Cruz a entrar em sintonia com o novo tempo”, reforçou Fred Oliveira.

É importante observar que, Oliveira não é tricolor. “Sou torcedor do Náutico, fui presidente do meu clube querido, presidi a Federação, e por tudo que já vivenciei no futebol, não podia ficar de braços cruzados ante algumas cobranças e provocações que me foram feitas”, revelou.

As eleições presidenciais do Santa Cruz estão previstas para os primeiros dias do mês de dezembro. A insensatez manda que se faça do tempo uma arma. A sensatez reza que: para o bem geral das Repúblicas Independentes do Arruda, o pleito deveria ser antecipado, pois os futuros gestores teriam tempo para dar início a um novo trabalho.

Recado para quem vier, e a quem merece receber:

O Santa Cruz é o Clube das Multidões. Nunca o chame de MEU.