Pompeia foi chargista na imprensa e também escultor. Entre 1888 e 1894, fez ilustrações a lápis para uma nova edição de “O Ateneu”. Como era de praxe na época, o editor Francisco Alves enviou o material para a impressão em Paris, na França. Nesse processo, os originais foram alterados e, até hoje, nunca foram publicados como o autor desejava. Em sua pesquisa, Araújo encontrou na Biblioteca Nacional o caderno que Pompeia entregou ao editor, com as imagens originais.

– Os desenhos a lápis foram remendados com nanquim – explica Araújo, professor de literatura brasileira na UFRJ. – Há imagens esfumaçadas que ficaram desfiguradas. Como o livro trabalha com o apagamento de memória, a ausência de contorno seria muito mais forte.

Araújo também encontrou ilustrações perdidas de Pompeia para o seu “Canções sem metro”, publicado em 1900 – cinco anos após a sua morte. Grande projeto de Pompeia, a obra traz 33 poemas em prosa e também deveria ter desenhos.

– Encontrei em um jornal antigo de Curitiba dez canções sem metro ilustradas por ele – diz Araújo. – A obra literária de Pompeia era muito ligada ao desenho.

Por outro lado, a atuação de Pompeia como chargista lhe trouxe alguns problemas. Em 1892, uma charge com o título “O Brasil crucificado entre dois ladrões” rendeu uma rusga com Olavo Bilac, que o desafiou para um duelo. Mas o evento não se concretizou, levando a diversas especulações sobre o brio de Pompeia. Três anos depois, o escritor suicidou-se com um tiro no peito na noite de Natal de 1895, aos 32 anos.