A noite do Sobrenatural. Por CLAUDEMIR GOMES

Por CLAUDEMIR GOMES

A torcida do Sport, cega pela paixão, e embalada por uma sequência de bons resultados, contabilizados, a maioria, em cima de adversários de baixa qualidade técnica, chegou a pensar que o grupo capitaneado pelo experiente, Vágner Love, fosse imbatível. Eis a razão pela qual os leoninos acordaram, nesta quinta-feira, com aquele sentimento de “meu mundo caiu”, após amargar a derrota (2×1) para o Ceará, na noite da quarta-feira, em Fortaleza, no primeiro jogo válido pela decisão do título da Copa do Nordeste, edição 2023.

Até um desavisado comentarista afirmou, com toda empolgação, que “o Sport tem o melhor ataque do Brasil”. O jovem ufanista esqueceu de avaliar o nível dos adversários com os quais o Leão mediu forças no Pernambucano; o mesmo acontecendo com algumas equipes que enfrentou na fase de grupos da Copa do Nordeste.

Houve uma época em que os grandes clubes do Recife – Sport, Náutico e Santa Cruz – massacravam seus adversários, no Campeonato Pernambucano, com goleadas acima de dez gols, e ninguém, em sã consciência, dizia que eles possuíam os melhores ataques do futebol brasileiro.

É sempre bom esclarecer e lembrar: o Sport está envolvido em três decisões simultaneas, fato que provoca um desgaste em qualquer grupo. Decisões com adversários de níveis diferentes: Retrô (Série D); Ceará (Série B) e Coritiba, com quem mede forças na Copa do Brasil, disputa a Série A do Brasileiro. Bom! Com níveis de dificuldades diferentes, é pouco provável que o Leão apresente o mesmo desempenho em todas as apresentações. Afinal, primeiro é primeiro, e segundo é segundo, em qualquer lugar do mundo.

Como bem diria o mestre, Nelson Rodrigues, o “Sobrenatural de Almeida” entrou em campo várias vezes, na “estranha” noite de quarta-feira, no Castelão. Fez acontecer um gol relâmpago, a favor do Ceará, aos 30 segundos de jogo. Na história do futebol, nunca se ouviu dizer que, um time estava pronto para sofrer, e assimilar, de forma natural, um gol no primeiro minuto da partida. O golaço de Guilherme Castillo fez cair o véu da noiva, e o Leão ficou atordoado em campo, facilitando o segundo gol do time cearense.

Mas o “Sobrenatural de Almeida” foi justo, e atuou para os dois lados. Como praga vinda do além, no último lance da partida, Luciano Juba chuta forte para a defesa parcial do goleiro Richard. A bola foi cair no meio do amontoado de jogadores, na “confusão”, como se diz no popular, e David Ricardo acabou marcando contra, um gol que os torcedores do Sport estão afirmando ser “o gol do título”, plagiando o “vidente”, Carlinhos Bala, quando da decisão do título da Copa do Brasil, em 2008.

E o jovem ufanista bradou no seu comentário: “Na Ilha do Retiro o Sport sempre venceu seus adversários com uma diferença de dois gols ou mais”.

“Vou consultar o Pai Zé!”, disse o rubro-negro Humberto Araújo, como se estivesse se precavendo contra o sopro de algum fantasma. Pois, nem com um bom conhecimento da vida como ela é, se aceita, de forma natural, que um atacante com a experiência de Love, vivendo um bom momento em sua carreira, desperdice, num jogo decisivo, uma chance de gol como aconteceu na aziaga noite da quarta-feira.

Maio é mês de aniversário do Sport.

Que o Ceará não venha com nenhum presente de grego.