Em plena repressão militar, Martinho resistia pedindo para o povo cantar mais alto

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Martinho da Vila, um grande mestre do samba

O escritor, cantor e compositor Martinho José Ferreira, o Martinho da Vila (Isabel), nascido em Duas Barras (RJ), na letra de “Canta canta, minha gente”, expressa uma forma de resistência e hábitos de luta contra aquilo que uma pseudo democracia tentou, na época da ditadura militar: tornar os corpos dóceis, disciplinados, facilmente manipulados.

Neste sentido, cantar era utopia revolucionária possível, e Martinho evoca os ritmos que constituem o amálgama Brasil, tendo o samba como cenário, numa festa da raça, com alegria de viver e afirmação de existir. O LP Canta canta, Minha Gente foi gravado por Martinho da Vila, em 1974, pela RCA Victor.

CANTA CANTA, MINHA GENTE
Martinho da Vila

Canta, canta minha gente
Deixa a tristeza pra lá
Canta forte, canta alto
Que a vida vai melhorar

Cantem o samba de roda
O samba-canção e o samba rasgado
Cantem o samba de breque
O samba moderno e o samba quadrado

Cantem ciranda e frevo
O coco, maxixe, baião e xaxado
Mas não cantem essa moça bonita
Porque ela está com o marido do lado

Quem canta seus males espanta
Lá em cima do morro ou sambando no asfalto
Eu canto o samba-enredo
Um sambinha lento ou um partido alto

Há muito tempo não ouço
O tal do samba sincopado
Só não dá pra cantar mesmo
É vendo o sol nascer quadrado…