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France Press
“Os americanos podem confiar em que o sistema bancário é seguro. Seus depósitos estarão lá (disponíveis) quando precisarem deles”, declarou o presidente Joe Biden nesta segunda-feira, dia 13, em pronunciamento transmitido da Casa Branca, após a quebra do Silicon Valley Bank.
Pouco conhecido do grande público, o SVB se especializou no financiamento de startups e havia se tornado o 16º maior banco dos Estados Unidos em ativos. Ao final de 2022, contava com US$ 209 bilhões em ativos e aproximadamente US$ 175,4 bilhões em depósitos.
OUTRA INTERVENÇÃO – No domingo à noite, as autoridades federais americanas intervieram para garantir que os correntistas tenham acesso aos seus recursos no SVB. Além disso, os reguladores fizeram intervenção em outra entidade bancária em dificuldades.
A maioria dos observadores do mercado financeiro está otimista e duvida de que ocorra uma situação comparável à crise financeira de 2008, mesmo que as chances de uma recessão aumentem.
Os principais índices do mercado financeiro nos Estados Unidos abriram em queda nesta segunda-feira, mas acabaram ficando no azul, em um mercado volátil, com sinais evidentes de pressão. O First Republic Bank, com sede em San Francisco, por exemplo, despencou mais de 70%. “A preocupação é que haverá mais gente, varejistas, preocupados com a segurança de seus bancos e de seus depósitos”, disse o analista Quincy Krosby. “É uma questão de confiança”, porque “o contágio é puro medo, medo absoluto, total falta de confiança”, acrescentou.
DINHEIRO DO SEGURO – Segundo o presidente, o governo fará todo o possível para que os correntistas recuperem seu dinheiro e, de qualquer forma, “os contribuintes não serão responsabilizados pelo prejuízo”. E acrescentou: “O dinheiro virá dos impostos que os bancos pagam pelo seguro de depósitos”.
Em uma declaração conjunta, o Federal Reserve dos EUA, a Corporação Federal de Seguros de Depósitos (FDIC, na sigla em inglês) e o Departamento do Tesouro garantiram ontem que os depositantes do SVB teriam acesso a “todo o seu dinheiro” a partir desta segunda-feira, 13.
Também terão “acesso completo” aqueles que mantêm seu dinheiro no Signature Bank, uma instituição regional com sede em Nova York com uma exposição significativa às criptomoedas. Essa instituição foi fechada no domingo, depois que o preço de suas ações desabou. O FED anunciou, ainda, que colocará fundos adicionais à disposição dos bancos para ajudá-los a atender as necessidades dos correntistas.
ENDURECER AS REGRAS – Nesta segunda-feira, Biden insistiu em sua vontade de fortalecer as regulações. “Vou pedir ao Congresso e aos reguladores bancários que endureçam as regras para os bancos, para que seja mais improvável que esse tipo de quebra bancária se repita”, explicou, culpando os republicanos por derrubarem, durante o mandato de Donald Trump, as salvaguardas introduzidas após o colapso financeiro de 2008.
O presidente democrata quer que os responsáveis pela falência “prestem contas”, razão pela qual evitou um resgate bancário no fim de semana. “A direção desses bancos será demitida”, frisou. Para Biden, uma vez que o governo assuma, como é o caso da SBV, “as pessoas que dirigem o banco não deveriam mais trabalhar nele”.
RISCOS DO CAPITALISMO – Biden disse também que os investidores que compraram o SVB correram riscos e devem arcar com as consequências.
“Correram riscos e quando os riscos não compensaram, os investidores perderam seu dinheiro. É assim que o capitalismo funciona”, declarou, taxativo.
No Reino Unido, o gigante bancário HSBC comprou a divisão britânica do SVB por apenas £ 1 (US$ 1,2) em um acordo de resgate supervisionado pelo Banco da Inglaterra e pelo governo. O acordo de resgate também garante depósitos dos clientes, o que inclui grandes empresas dos setores tecnológico e científico.
DECLARAÇÕES OTIMISTAS – As autoridades francesas e alemãs não veem, por sua vez, riscos para seus sistemas financeiros. O órgão de controle financeiro da Alemanha avalia que a “situação angustiante” da sucursal alemã do SVB “não representa uma ameaça à estabilidade financeira”.
Avaliação similar foi feita pelo comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, nesta segunda-feira. “A possibilidade de um impacto indireto [do colapso do banco] é algo que temos que monitorar, mas, nesse momento, não vemos isso como um risco significativo”, disse a autoridade italiana a repórteres em Bruxelas.
Essas declarações não impediram que os mercados de ações europeus caíssem nesta segunda-feira e que a maioria dos índices asiáticos terminasse em baixa. “O risco de contágio se mantém para os pequenos bancos”, afirmou o analista Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank.