Por BETO FRANÇA – Do Jornal O PODER
O Dr. José Nivaldo foi um dos maiores criadores de gado da raça Indubrasil de toda a região Nordeste e porque não dizer do Brasil. Não perdia uma Exposição de Animais. Não se importava com a distância. Era no Brasil todo. Sempre trazia suas taças de campeão em várias modalidades.
IMAGINEM, CRATO
Numa certa ocasião eu estava no Crato na casa de um colega de faculdade e peguei uma carona com ele para Surubim por ocasião do encerramento da Exposição Agropecuária. Dr. Zé Nivaldo, é pai do Zé Nivaldo Junior, intelectual renomado, marqueteiro de responsa e dono deste jornal. Mas que para a nossa turma da época era simplesmente Junior. Junior de Dr Zé Nivaldo, para diferenciar do único outro Junior na época em Surubim, Junior de Zé Cabano, o popular “maica oi” (Marca Olho, um fósforo da época).
MUITA CONVERSA
Dr Zé Nivaldo, aqui para nós, falava pra caramba.
Recebi durante a longa viagem, uma verdadeira aula sobre as algarobas. Dr Zé estava plantando em massa, confiado que nas vargens da planta o gado iria encontrar alimento nas estiagens. Bem, Dr Zé era reconhecidamente um Gênio. Porém, nem os gênios são perfeitos. A algarobeira ficou longe do resultado esperado. Mas vamos em frente.
O INDUBRASIL
Na fazenda Esperança, em Surubim, se concentrava o maior plantel daquele tipo de raça criado pelo médico Nivaldo, como chamava sua esposa a Dra. Neíse Gondim. Outra figura genial que, se viva fosse, faria amanhã 99 anos. ATENÇÃO AUTORIDADES: o centenário de Dra. Neíse, que revolucionou a medicina e a qualidade de vida no Agreste de Pernambuco, mais até que o marido famoso, não pode passar em branco.
VOLTANDO AO GADO
Para manter a qualidade de suas criações, Dr Zé Nivaldo fazia registro de cada animal. E, no caso de machos, futuros reprodutores, o tempo era curto. Numa certa ocasião estava prenha e em dia de dar cria a melhor vaca de todo o plantel. O Dr Zé ficou na fazenda até umas 21h00, aguardando para ver a cria, a qualidade e principalmente, o sexo. Dependendo, era necessário fazer o registro no Recife em 24 horas. O Dr esperou, até cansar. Aí, recolheu.
OS CALORETOS
Combinou com seu Pedro Caloreto, vaqueiro de sua confiança já há bastante tempo, que iria ficar de vigília a noite toda. Tão logo a vaca desse cria, mandasse o seu José Vicente ( também da família Caloreto) avisá-lo, na sua casa na cidade, a qualquer hora da madrugada porque precisava programar a sua viagem ao Recife sem prejudicar o atendimento no Hospital São Luís.
A PRESSA É INIMIGA…
Seu José Vicente, vaqueiro auxiliar e muito dedicado, pra não dizer puxa saco, ficou na expectativa para avisar ao patrão tão logo acontecesse o parto. Já deixou o cavalo arreiado para a missão.
Por volta das 3h00 da madrugada, nasceu a tão esperada cria. Seu José não esperou nem a ordem do seu Pedro Caloreto. Saiu a todo galope para avisar sobre o nascimento e o sexo da cria. Na pressa não teve o cuidado de confirmar se o bicho era macho ou fêmea. Por volta das 4 h00 bateu palmas na casa do Dr Zé Nivaldo, que aguardava ansioso.
DIÁLOGO INÚTIL
“Então José, é macho ou fêmea? ” _ “Dr. eu não tenho certeza, mas é um bezerro ou uma bezerra”.
Dr Zé Nivaldo era a gentileza em pessoa. Médico dedicado. Escritor de renome nacional. Criador de elite. Homem rico, desde o berço. Sem nenhuma arrogância. Tratava todo mundo com cortesia e respeito.
Mas dessa vez, não aguentou. Suspirou fundo largou:
” José, se é bezerro ou bezerra, não sabemos. Mas tenha certeza: o senhor é um jumento”.
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