Nosso ideais são como barquinhos de papel, ensinava o poeta Guilherme de Almeida

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Guilherme de Andrade de Almeida (1890-1969), o Príncipe dos Poetas Brasileiros, nasceu em Campinas (SP), foi uma personalidade de destaque nos meios intelectuais e sociais como poeta, jornalista, advogado, cronista, tradutor, além de desenhista e profundo conhecedor de cinema.

No soneto “Barcos de Papel”, o poeta conta os seus ideais desde a sua infância. Assim, seus ideais são como barquinhos soltos, “sem destino ao longo das sarjetas, na enxurrada”.

Embora o barco de papel tenha trazido felicidade durante a infância, agora o mesmo barco na fase adulta do homem passa por tempestades, dor e decepção. O poeta usa a figura de linguagem falando de um barco de ouro e outro de papel, mostrando a diferença dos dois. Um é frágil e simples, o outro demonstra grandeza e é indestrutível, como descrito no décimo verso.

Neste sentido, podemos concluir que, não devemos deixar nossos ideais irem embora e serem carregados pelo mar. Devemos visar um ideal fixo na vida e construir um barco forte de ouro. Lutar e alcançá-lo.

BARCOS DE PAPEL
Guilherme de Almeida

Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.

Fazia de papel, toda uma armada;
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada…

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, são como aqueles,

perfeitamente, exatamente iguais…
– Que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais.