
O presidente Lula formou o seu governo incorporando forças que até o combateram na última campanha. Quantos direitistas de carteirinha ocuparam cargos nos governos do PT?
O inverso também é verdade. Nem todo mundo que trabalhou no Governo Bolsonaro é bolsonarista. Nem todos rezam pela cartilha da direita. Nem todos adotaram uma prática administrativa que contrariou sua história.
O exemplo mais notório disso, em Pernambuco, é o agora ex-presidente da Fundaj, Antônio Campos. Em nenhum momento, sob sua batuta, a instituição se afastou dos melhores momentos da linha historica que vem seguindo desde a sua fundação. Uma atuação muito longe de qualquer viés ideológico conservador. Pelo contrário. Dinâmica, arejada, plural, ousada, criativa. Tentar impor rótulos medíocres só desmerece quem rotula.
SÁBIAS PALAVRAS
“Nunca me preocupei com rótulos. O rótulo de radical, conciliador, não tem nenhum sentido para mim, como não tinha sentido me chamarem de comunista no passado. O que importa é a prática política; o que importa são os posicionamentos que se tomam ao lado de determinadas camadas sociais em defesa de teses que interessam à nação como um todo”.
QUEM DISSE ISSO?
De quem são essas palavras? Alguém poderia responder de pronto: do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas são do ex-governador Miguel Arraes de Alencar, seu amigo e companheiro de lutas. Não se trata de uma coincidência, e sim que o ideário político de Miguel Arraes e de Lula coincidem em muitos pontos.
AFINIDADES
Tão naturais são essas afinidades de Lula e Arraes quanto as de Arraes e o neto Antônio Campos. Se Arraes foi antes de tudo um democrata, cujo discurso e prática tinham absoluta coerência, é assim que também tem agido o seu neto Antônio, em todos os campos onde tem atuado.
É um democrata, um homem do diálogo, que escreve sobre a democracia e o diálogo, mas, principalmente, leva-os à prática.
Com quase vinte livros publicados, vários deles giram em torno desses assuntos. Como o que escreveu sobre o processo de anistia funcional de Arraes.
NA LUTA
E não apenas escreveu, comandou o processo de anistia funcional do avô, como advogado. É também autor de uma importante pesquisa sobre a Operação Condor no Brasil.
Foi o autor de ação popular que suspendeu trecho da medida provisória e que retardou a privatização da Eletrobras por seis meses. Foi advogado de sindicatos; presidente do Instituto Miguel Arraes por dez anos, por convite da sua avó Madalena Arraes; embora não tenha sido membro, esteve também como colaborador, a convite, da comissão da anistia em Pernambuco.
CONTEMPORÂNEO
É autor do livro Diálogos no mundo contemporâneo – por uma cultura de paz, que chegou a lançar na sede da ONU, e defende o diálogo e a tolerância como uma chave-mestra para enfrentar os desafios do mundo atual. Liderou uma das mais importantes festas literárias do Brasil, a Fliporto, marcada pela diversidade e pelo debate intelectual.
NEGACIONISMO
Por tudo isso, rotular Antônio Campos de práticas e discursos antidemocráticos é negar a verdade, é desconhecer os fatos.
Fonte: Jornal O PODER