Ex-assessor confirma propina a Sérgio Cabral

Folha de S.Paulo – Ítalo Nogueira

Principal auxiliar do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) de acordo com o Ministério Público Federal, o economista Carlos Emanuel Miranda confessou em depoimento nesta quarta-feira (8) que gerenciava a propina paga ao peemedebista por fornecedores do Estado. É a primeira vez que ele depõe num processo da Operação Lava Jato – nas outras seis oportunidades, ele permaneceu em silêncio.

Miranda depôs em ação penal em que é acusado por desvios no setor de saúde. Ele afirma ter ouvido de Cabral que o ex-secretário Sérgio Côrtes organizaria as vantagens.

“Fui informado pelo Sérgio Cabral que o Sérgio Côrtes iria organizar umas compras [no setor de saúde] e que dessas compras existiria um pagamento de propina”, disse Miranda.

Côrtes afirmou que recebeu recursos, mas sem vínculos com seus atos no cargo. Cabral diz que os valores se referiam a caixa dois de campanha eleitoral, do qual ele reconhece ter usado para gastos pessoais.

O ex-assessor de Cabral negou a principal tese de defesa do peemedebista.

“Não [era contribuição para campanha política]. Eventualmente alguns valores foram gastos em campanha, mas não era contribuição para campanha”, declarou ele.

Miranda é apontado pelas investigações como o principal responsável por gerenciar o recolhimento do dinheiro com fornecedores do Estado. Ele afirmou que tinha “encontros regulares” com Cabral para discutir o gerenciamento dos recursos.