Charge do Latuff (Arquivo Google)
Pedro do Coutto
São dois fatos de grande importância publicados nos jornais desta terça-feira: a privatização do Sistema Eletrobrás, através da venda de novas ações do mercado, e a entrevista de Henrique Meirelles a Folha de São Paulo, sustentando que o projeto de reforma ajudará o futuro governo que sairá das urnas de 2018. Vamos por partes.
Reportagem de Manoel Ventura, Bruno Rosa e Ramona Ordonez, em O Globo, destaca o projeto anunciado pelo Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, de privatizar o sistema Eletrobrás pulverizando a maioria acionária da empresa. O Estado de São Paulo, também de terça-feira, reportagem de Eduardo Rodrigues e Beth Moreira, focaliza o endividamento da estatal, frisando que sua dívida bruta atinge 43,5 bilhões de reais.
PERGUNTA-SE – É importante obter informações sobre essa dívida: Quais são os credores? Quais os juros? Quais os prazos de vencimento? As respostas conduzem a um aspecto fundamental num momento em que o governo Michel Temer parte para uma privatização que envolve quatro empresas. Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul. Encontram-se fora da desestatização a binacional de Itaipu e o Complexo Nuclear de Angra dos Reis.
Uma outra questão igualmente essencial é como o projeto trata a questão trabalhista e nela os direitos dos servidores das empresas que formam o conjunto fundamental da Eletrobrás. A Eletrobrás é uma holding, e como tal atua na administração política e administrativa das empresas, que lhe são vinculadas. Furnas, por exemplo, é responsável por 40% de toda a energia produzida e transmitida no país. Ela é distribuidora da energia que vem de Itaipu.
NÚMEROS DIVERSOS – Segundo a Folha de São Paulo o governo espera arrecadar 30 bilhões de reais. Para O globo, Estado de São Paulo e Valor, a perspectiva é obter, com a colocação de ações no mercado, uma receita de 20 bilhões de reais, destinada a reforçar o caixa da União.
No início da matéria, assinalei que o sistema Eletrobrás vale muito mais que 20 bilhões. Parto de uma comparação, matéria de Martha Beck, O Globo, focalizando a proposta da Cemig de adquirir as usinas de Jaguara, São Simão, Miranda e Volta Grande, pelo montante de 9,7 bilhões de reais. As quatro usinas, assim valem praticamente a metade do valor atribuído ao sistema Eletrobrás.
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MEIRELLES LANÇA CANDIDATURA PARA 2018
De outro lado, em entrevista à Folha de São Paulo, o ministro Henrique Meirelles sustenta a tese reformista, citando que a reforma da Previdência ajudará o futuro governo que sairá das urnas de 2018. Meirelles, na matéria, posiciona-se como reformista. Reformista no plano administrativo, mas a posição reformista abrange também a redistribuição de renda.
Bem. Esta visão fica para ser interpretada pelo PSD, seu atual partido, ou por outros que se interessem pelo “passe” dele.