Ricardo Boechat – IstoÉ
Mudanças na lista dos maiores devedores da União. No último relatório elaborado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, a Petrobras (R$ 30,3 bilhões) desbancou a antiga Parmalat (R$ 27,2 bilhões) no segundo lugar do pódio. A liderança isolada continua com a Vale (R$ 50 bilhões). Mas o destaque do novo ranking não está no topo. Coube à Samarco, que saiu da 307ª para a 56º posição, cobrada em R$ 1,5 bilhão. A mineradora causou o maior desastre ambiental do Brasil, em 2015, o rompimento da barragem de Fundão (MG). Cifras tão expressivas não significam dinheiro em caixa para o Tesouro. Enredada em discussões jurídicas, boa parte do ervanário jamais chegará aos cofres públicos.
Em pelo menos uma das muitas delações premiadas ainda mantidas em segredo pelos procuradores de Curitiba há o relato de um operador de propinas detalhando seu romance com uma parlamentar federal. De viagens ao exterior, bancadas com recursos público, a brigas movidas por “ciúme doentio”, tudo está narrado ricamente. Detalhe: madame é casada.
Enquanto ISS, inédito em português, um estudo do Banco Mundial (“Como preencher a lacuna de infraestrutura no Brasil”) alerta para uma questão simples – e importante: diante da escassez de recursos públicos é preciso gastar de forma eficiente, “não necessariamente mais”, além de atrair o capital privado para fazer frente a esses custos. Segundo analistas do banco, um ganho de eficiência está em exigir que as emendas parlamentares ao orçamento sejam feitas a partir de um banco de projetos pré-selecionados. Ou seja, nada de dinheiro público ao gosto dos políticos.