Meirelles e Dyogo Oliveira foram “furados” por Jucá no anúncio à imprensa

Por Fábio Góis
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou a revisão da meta fiscal para 2017 e 2018 antes mesmo do comunicado formal da equipe econômica do governo, capitaneada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Segundo Jucá, em informação confirmada por Meirelles minutos depois, os deficits (saldo negativo entre as despesas e as receitas) do governo, que inicialmente seriam de R$ 139 bilhões em 2017 e de R$ 129 bilhões em 2018, subirá para R$ 159 bilhões para os dois anos – ou seja, um rombo R$ 30 bilhões ainda mais elevados nas contas públicas, em relação ao que fora projetado inicialmente.
Segundo Jucá, “vai haver embate político” com a revisão da meta. “Todo o processo aqui é politizado, mas o governo veio para estabilizar o crescimento do deficit. No ano passado, foi 159 [bilhões] e 600, neste ano ano será de 159 e, no próximo ano, 159”, antecipou-se o senador, considerado um ministro informal do Planejamento, cargo que ocupou até maio de 2016, quando foi flagrado em escutas telefônicas falando em estancar a sangria da Operação Lava Jato.
“O crescimento que haveria de despesas, o governo está cortando. O governo está cortando, por exemplo, 60 mil cargos públicos, e está tomando uma série de outras medidas que vão conter o gasto público, exatamente para dar o exemplo e começar cortando na carne. É claro que temos que votar reformas e outras matérias, porque esse quadro só vai melhorar no momento em que houver crescimento econômico e aumento de arrecadação”, observou o peemedebista, negando que o pacote de medidas exigirá como contrapartida, por exemplo, aumento de impostos.
Jucá disse ainda que o que o próprio Meirelles já havia dito a respeito do Imposto de Renda. O aumento na taxação chegou a ser aventada pela cúpula do governo, mas o ministro se apressou em negar a possibilidade. “O esforço foi exatamente não criar impostos para onerar a população. Está descartado qualquer novo imposto que seja votado neste ano para valer no próximo ano”, concluiu. “O que o governo vai fazer é definir um mecanismo de avaliação de gastos”
Ao lado do ministro Dyogo Oliveira (Planejamento), em coletiva de imprensa realizada no Ministério da Fazenda, Meirelles explicou o porquê da revisão da meta. “O que houve foi uma substancial queda da receita recebida até agora, no ano de 2017, e a mudança consequente para previsão de 2017. Para 2018, falamos depois”, disse Meirelles há pouco, acrescentando que os efeitos da inflação na arrecadação do governo são sinais “otimistas”.
“É uma excelente notícia para o país: a inflação está caindo sistematicamente”, resumiu o ministro.
Segundo Dyogo Oliveira, entre as medidas de arrocho estão a postergação de todos os reajustes concedidos a servidores em janeiro deste anos. A suspensão se estenderá por 12 meses, com impacto de R$ 5,1 bilhão estimado pelo governo já em 2018.
Dyogo também reafirmou que o governo cobrará a imposição do teto remuneratório para todos os Poderes, com alívio de R$ 725 milhões apenas em relação aos cargos do governo federal em 2018. Também será proposta a redução de inicial para diversas categorias e serão extintos cargos especiais na administração pública federal, além de impostos limites à concessão de auxílios-moradia, com decréscimo gradual de 25% dos valores, em economia estimada de R$ 25 milhões no próximo ano.