| Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo
O diagnóstico não é de um líder da oposição. Saiu da boca do ministro Jorge Hage, nomeado por Lula e reconduzido por Dilma Rousseff ao comando da CGU (Controladoria-Geral da União). No cargo desde 2006, ele se despede com um desabafo: apesar dos avanços na fiscalização das contas públicas, não conseguiu abrir as caixas-pretas das estatais. A Petrobras é só a maior em um conjunto de mais de cem empresas controladas pelo governo. A lista inclui outras gigantes como Eletrobras e Correios, a simpática distribuidora de cartas onde surgiu o mensalão. Para Hage, o caso da petroleira tem um agravante: o decreto da gestão FHC que livra seus dirigentes de seguir a Lei de Licitações. O ministro concorda que a Petrobras precisa de regras mais flexíveis para contratar com agilidade, mas considera o texto em vigor ‘extremamente frouxo e permissivo’. Sua análise ajuda a entender como a empresa foi parar nas páginas policiais. Embora a atenção da imprensa se concentre nos ministérios, as negociações para o segundo mandato também passam pelas estatais. Dilma já indicou que continuará a loteá-las entre aliados em troca de apoio no Congresso. Se estiver interessada em dificultar novos ‘malfeitos’, deveria dar ouvidos ao chefe da CGU. |
As empresas estatais estão ‘fora do alcance’ dos mecanismos de controle. As auditorias, quando realizadas, são ‘burocráticas’ e de ‘baixa efetividade’. O resultado é ‘absolutamente insuficiente’ para coibir o desvio de dinheiro público, como comprova o escândalo da Petrobras.