No próximo dia 25, chega às bancas o novo livro de Adriana Falcão, o autobiográfico “Queria ver você feliz”
Livro conta a história dramática dos pais da autora, tendo o amor como narrador Foto:Daryan Dornelles/Divulgação
Adriana Falcão, aos 54 anos, acredita que o amor é o grande trunfo para levar a vida adiante. “Parece clichê, mas é verdade”, garante a escritora, que é uma das homenageadas da Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto). Com uma vida corrida e produtiva, às vésperas do último capítulo do seriado A grande família (que será exibido na próxima quinta, 11), para o qual Adriana escreveu por uma década, ela não pensa duas vezes em afirmar que 2014 está sendo o seu grande ano.
Carioca que morou 21 anos no Recife e levou o nosso bom humor como tempero inigualável de suas receitas de dramaturgia, Adriana nem bem se despede do programa global e já se prepara para novos projetos: em breve, ela lança um novo livro, Queria ver você feliz, sobre a história dos seus pais, e está gravando o filme Desculpe o transtorno, com roteiro seu em parceira com as filhas Tatiana e Clarice e o genro Gregório Duvivier. “Antes de atender à sua ligação estava conversando com Clarice, ao telefone. Ela me ligou para fazermos os últimos ajustes do roteiro, que começa a ser gravado quarta-feira”, explicou a escritora, em entrevista na última segunda-feira. Ela carrega a alcunha de mãe-coruja de uma família de artistas.
Dona de um texto fluido e que fala a língua dos brasileiros – quase sempre com pitadas nordestinas – Adriana Falcão faz do bom humor um caminho inteligente e criativo para suas obras. Autora de livro como A máquina (adaptado, com sucesso, para o teatro e cinema, quando revelou os atores Wagner Moura e Lázaro Ramos), Mania de explicação, O doido da gaiola e Sete coisas para contar e se divertir!, ela agora decidiu se transformar no amor, para falar de dor.
No próximo dia 25, chegam às bancas Queria ver você feliz, livro no qual Adriana conta a história da família dela. “É uma história bem dramática, sobre os meus pais. Eles foram pessoas muito interessantes, inteligentes e cultas, mas todos os dias tinham problemas. Meu pai era depressivo; minha mãe, agoniada. Ele se suicidou quando eu tinha 18 anos. E ela morreu, depois, com uma overdose de medicamentos”, diz.
Na obra, o narrador será o próprio amor, guiado por cartas reais, trocadas entre Caio Franco e Maria Augusta, a maioria delas da época em que a mãe de Adriana esteve internada no sanatório. “É uma história muito forte, e eu decidi que quem narraria o livro seria o próprio amor. Ele é uma personagem que tem várias histórias para contar, de todo mundo, mas que agora decidiu contar a história dos meus pais.”
O livro reconta uma história de amor longe de romantismos, segundo a própria autora, que preza por momentos de felicidade oscilados por conflitos e tristezas. “Os textos falam desde a época de namoro deles até a carta de suicídio do meu pai”, diz. “É uma história de muito amor.”
A princípio, Adriana teve medo de expor a história de seus pais em um livro, mas depois resolveu escrever a obra, incentivada por suas duas irmãs mais velhas. “Chegamos à conclusão de que é uma história que tem muito a dizer. Que a pessoa têm muito a aprender. E vão parar de dizer que são malucas.”
Ao escrever a história dos seus pais, Adriana também pôde repensar e refletir sua visão sobre o amor. “Ao longo dos anos, a gente vai sofrendo desilusões, e vai aprendendo a lidar com o fato de que nada é ideal. Nada é exagero. No entanto, em geral, não acontecem como a gente idealizava. E a gente vai se reacostumar a conviver com um amor falível. Relações são difíceis”, observa a escritora, que durante 30 anos foi casada com o diretor pernambucano João Falcão de quem se separou recentemente. “Eu tive uma história linda com João, e achei que nunca ia acabar. E de repente acabou. E eu tive que me reinventar”, afirma Adriana, para quem o amor ainda é possível em todas a relações – sejam elas amorosas, fraternas ou ágapes – embora com uma face bem diferente daquela que Adriana enxergava aos 20 anos, antes de tantos encontros e desencontros.
“Quando a gente consegue ser grande suficiente para fazer as coisas em nome do amor, quando a gente consegue ser menos egocêntrico e vaidoso, e pensar amorosamente, é claro que as coisas saem muito melhor. Inclusive profissionalmente. Amor é o grande trunfo para levar a vida adiante.”