Hugo Esteves virou a bancada. Aos 52 anos. O paraense radicado no Recife decidiu largar a função de âncora do NETV 2ª Edição, na Globo Nordeste, e foi tentar a vida como ator de novela, no Rio. Do telejornalismo para a teledramaturgia. Da realidade para a ficção. Não teve 30 anos de carreira que o prendesse – “Eu zerei!”. Por telefone, o Social1 conversou com o ator, agora com 53, intérprete do ourives Patrício, de Império, sobre esse “começar de novo”. Acompanhe:
Depois de 30 anos de telejornalismo você se lançou numa carreira nova. Foi corajoso. Qual o combustível?
Sonho não se discute, se realiza. Tenho essa frase comigo. Quando ouvia de alguém “mas, vai largar tudo?”, eu dizia: “não vou discutir o meu sonho contigo, tchau, beijinho no ombro”. Venho batalhando por essa história há 20 anos. Quero viver de arte.
Patrício é um papel pequeno. Menor do que ser âncora de um telejornal…
Vou comendo pelas beiradas, que nem papa. O ramo de ator possibilita vários trabalhos… Você pode gravar comercial, por exemplo. Como âncora, não. Tem uma “porrada” de coisas para ganhar dinheiro. Hoje em dia não preciso mais pedir autorização. Tenho maior liberdade.
Por falar em liberdade, sobre o episódio do Carnaval: uma vez jornalista, você foi criticado pela piada com o Sport…
Mas aquilo não fedeu nem cheirou… As pessoas não sabem o que é o Quanta Ladeira. Foi a maior bobagem, tem nada a ver com a minha decisão. Como podia eu ter sido demitido e estar trabalhando na mesma empresa?
Como é o seu vínculo com a Globo?
Sou do CGP [Central Globo de Produção], era do CGJ [Central Globo de Jornalismo]. Hoje meu crachá é de ator!!! Até março de 2015, que o meu contrato é por obra. Se não aparecer outro trabalho, me recolho na minha casa em Gravatá [risos]. Quero gravar comerciais no Recife. Mas não penso nisso agora.
Qual o futuro de Patrício?
Ele vai dar uma crescida a partir do capítulo 53. Vai ter a festa da coleção das novas peças e vão roubar o anel de Maria Marta [Lilia Cabral]. Patrício é o encarregado e deixa o cofre aberto.
As pessoas querem que eu apareça mais, mas não é assim. Há protagonistas e há o elenco secundário. De 40 capítulos eu apareci em 17. Com o José Alfredo [Alexandre Pires], a Maria Clara [Andreia Horta]… No capítulo de sábado [31 de agosto], ela mostrou uma joia só para mim. É uma sorte, uma vantagem, estar nesse núcleo e um personagem com nome. Eu estou na luta!
Está fazendo algum curso para se aprimorar?
Não, mas vou fazer um para musical no CAL [Centro das Artes de Laranjeiras].
Foi difícil mudar de cidade?
Já morei no Rio, na década de 70, fui soldado do Exército aqui; minhas férias eram no Rio, tenho um círculo de amizades grande. É a minha segunda casa.
Do que no Recife você mais tem saudade?
Do Marco Zero, aquele passeio de bicicleta aos domingos. Todo domingo eu ia para a ciclofaixa [descreveu o trajeto]. Se a passagem fosse mais barata…
Há um lugar no Rio com o qual você está in love?
A Prainha. Lembro muito de Maracaípe. Fica no Recreio, perto de mim. Moro em Jacarepaguá, a dez minutos do Projac. Até já fui gravar de bicicleta.
Mora só?
Sozinho. Mas doido para arrumar alguém na novela [risos]. Quem sabe a Marisa [Luciana Pacheco], secretária de Zé Pedro [Caio Blat]. Algumas cenas insinuaram algo entre eles.
Longe da bancada, qual notícia você se livrou de apresentar?
A da morte de Eduardo Campos. Eu não queria nunca fazer parte dessa história. Graças a Deus não fiz. Gostava dele, tinha uma amizade.
No jornalismo, qual um momento seu que considera memorável?
O Carnaval deste ano. Fiquei no camarote em que estava Ariano Suassuna. Seu Jorge nem Marcelo D2 conheciam ele. Estava entrevistando os dois e, por coincidência ele chegou. Estava ao vivo e levei os dois até ele. Seu Jorge chorou. Foi marcante proporcionar esse encontro.
Fonte:social1