A cada pesquisa divulgada mais parece crescer o desespero no governo e no PT. Evidência disso foi a inusitada reação de Dilma, sexta-feira, em Salvador, ao comentar declarações de Marina a respeito de, em seu governo, vir a dar ao pré-sal um papel secundário. Pode ter sido uma precipitação, até uma bobagem da ex-senadora, mas só a iminência da derrota justificaria que a presidente a tivesse chamado de “fundamentalista, retrograda e obscurantista”. Ao defender o pré-sal, mesmo sem citar a adversária nominalmente, Dilma perdeu-se em explicações sobre política energética, defendendo a implantação de mais hidrelétricas e sustentando que a energia eólica e o etanol são complementares do petróleo, não seus substitutos. No fundo da discussão, para Dilma, estavam os mais recentes números divulgados pelo Datafolha: Marina vence no primeiro e no segundo turno por diferença de dez pontos, por enquanto. Mil tratados serão escritos a respeito das causas de tão profunda reviravolta no quadro sucessório. Cada um que selecione seu cientista político preferido, mas não haverá como fugir da evidência: o eleitor se identifica em Marina. Como candidata a vice, não aparecia e não empolgava, sequer servia de contraponto à arrogância e à soberba de Dilma. Com a tragédia atingindo Eduardo Campos, virou o jogo: Marina reivindicou a candidatura, que recebeu de modo natural. Era o que o cidadão comum não estava esperando mas recebeu como um presente: uma candidata igual a todos nós. Alega-se, no ninho dos tucanos e no bunker do PT, que em um mês as coisas poderão mudar. Na teoria, claro. Na prática, muito difícil. As tendências, quando se firmam, não costumam desaparecer. Marina é uma delas. Importa menos saber de ela vai proibir a implantação de hidrelétricas, se vai subsidiar o etanol ou voltar à energia nuclear. A verdade é que caiu no gosto popular. Para o PT,Lula, Dilma e penduricalhos, fica a lição maior da humildade: ninguém é insubstituível… |