A ex-senadora do Acre não tem nada a ver com a agenda do PSB, nem na forma nem no conteúdo. Não é e nunca foi socialista, ela é evangélica
Estava em São Luís do Maranhão fazendo palestras sobre a reforma política quando soube da mudança do coordenador de campanha de Marina Silva. Depois vieram as notícias sobre a deserção da base aliada, os agro-exportadores e industriais, por não concordar com a agenda e ou discurso da candidata neo-pentecostal. Afinal de contas, que candidata é essa?
Convém lembrar que Marina Silva rompeu com o PT exatamente por conta das contradições da política ambiental. A ênfase do “desenvolvimentismo” prejudicava as políticas de proteção do meio ambiente. E que o ex-governador falecido teve a prudência de colocá la na vice, e não na cabeça de chapa do PSB, prevendo as inúmeras resistências de sua base aliada. Na verdade, uma coisa seria usá-la, num acordo de mútua conveniência, como cabo eleitoral qualificado para a eleição do ex-governador do estado. Outra coisa – muito diferente – seria colocá-la como a candidata à Presidência da República pelo PSB. E isto porque a ex-senadora do Acre não tem nada a ver com a agenda do PSB, nem na forma nem no conteúdo. Não é e nunca foi socialista, ela é evangélica. Segundo a agenda do PSB, está mais para o estado regulatório, gerencial do que com a agenda ambiental, de Marina Silva.
Era previsível que a tentativa da família do falecido em manter o controle da chapa, através do nome de Marina Silva, iria – como está ocorrendo agora – suscitar muitas questões da antiga base aliada, que se juntou ao projeto sucessório em nome de outras idéias, outro discurso e outro candidato. A mudança de nome não seria um mera formalidade, em se tratando de uma pessoa, como a líder do partido “rede-sustentabilidade”. O que ocorre é a presença de um partido dentro de outro partido, por mera conveniência político-eleitoral.