por Ruy Fabiano
Num país de política degradada, falar mal dos políticos dá ibope e prestígio, embora não necessariamente rumo. Esse é o filão, até aqui, explorado por Marina Silva, candidata do PSB (melhor dizendo, da Rede) à Presidência da República.
Delicadeza nem sempre é sinônimo de ponderação, e Marina não apenas sucede Campos, mas lança, em tom sempre suave, tropas de ocupação sobre o PSB para colocá-lo à margem do comando da campanha.
A tragédia de Eduardo Campos colocou o partido numa encruzilhada: ou abdicava da campanha, como queria seu presidente Roberto Amaral, ou entregava-se a uma interventora, com votos, mas sem compromissos com a legenda. Optou pela segunda e tornou-se órfão de si mesmo.
A “nova política” vem revestida dos traços da velha: quebra de compromissos (os compromissos de Eduardo Campos), imposição da vontade monocrática da candidata, ausência de diálogo, oportunismo em seu sentido mais amplo.
Para acalmar o setor financeiro, há uma banqueira, Maria Alice Setúbal, do Banco Itaú; para agradar os ambientalistas, o ex-tucano Walter Feldman; para atrair as esquerdas, há a sigla PSB; e para confundir a todos, a candidata, Marina Silva, com seus novos (e desconhecidos) “paradigmas civilizatórios”.
Já se sabe que Marina defenderá a independência do Banco Central, embora tenha incumbido uma banqueira de dizê-lo, sem levar em conta o conflito de interesses em tê-la como porta-voz numa questão em que é parte interessada. Coisas da nova política.
Leia a integra em A política da antipolítica

A candidata do PSB Marina Silva – Foto: Fernando Donasci / Agência O Globo
Ruy Fabiano é jornalista