Brincando em cima daquilo

Carlos Brickmann

É Copa, claro. A Câmara lenta entra em câmera lenta. Nos dias em que não há jogo há discussões – não sobre bola na mão ou mão na bola, porque botar a mão na bola é muito mais popular. Há os preparativos para o próximo jogo.

Talvez no estádio, com um lanche fino, se alguém o patrocinar. Trabalhar, nem pensar. Depois da Copa, debates sobre herois e culpados; e o recesso da Câmara Federal, para o merecido repouso dos nobres parlamentares, que ninguém é de ferro. Findo o recesso, vem a campanha. Em setembro e outubro, Suas Excelências terão, no total, quatro sessões. Em 60 dias, quatro serão de (relativo) trabalho.

Mas não é tudo que para em Brasília, neste período pré-eleitoral. As despesas giram à velocidade de sempre. Os 513 senhores deputados custam ao Tesouro pouco mais de R$ 80 milhões por mês, entre salários, vantagens e despesas diversas. De junho a outubro, a soma do ócio da Copa com o ócio da campanha custará algo como R$ 320 milhões. Primeiro turno, segundo, e a política retorna ao país do jeito como eles gostam: na forma de negociações para ver quem fica com que cargo.

E ponto final: dezembro é mês de confraternização, despedidas, Natal. E haverá quem se queixe da posse do presidente da República em 1º de janeiro, o que impede que se festeje o réveillon como se deve. Outubro, novembro e dezembro custam ao Tesouro mais R$ 240 milhões. Somemos: R$ 560 milhões para não trabalhar.

Este colunista confessa: está mesmo é com inveja

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