Carlos Chagas
Dilma e a Espanha tem algo a ver. Os espanhóis chegaram ao Brasil certos de ser os favoritos, campeões do mundo na última copa e detentores de um fabuloso elenco. Esbanjaram empáfia e soberba. Dilma, com quatro anos na presidência da República, nadava de braçada rumo ao segundo mandato.
Pois a “fúria” acaba de ser desclassificada e a presidente cai de forma permanente nas pesquisas eleitorais.
Há outras semelhanças. Lá, o rei acaba de abdicar. Aqui, Sua Majestade Lula, primeiro e único, dá sinais de que a sucessora não vai bem, na economia e nas consultas populares, parecendo conformar-se com o segundo turno.
Acresce que Juan Carlos deixou o trono mas permanece alerta: caso o filho fracasse, poderá voltar, ao tempo em que o Lula mantém o apoio a Dilma, como veremos amanhã,(hoje) na convenção do PT, mas não afasta a hipótese de, à beira da perda do poder, poderem os companheiros logo reconduzi-lo à condição de candidato.
Política e futebol desenvolvem-se por linhas tortas. Um ano atrás muita gente duvidava de que Aécio Neves e Eduardo Campos poderiam apresentar-se, sabendo previamente do malogro. O que mais se ouvia era estarem encenando o ensaio-geral em 2014 para a apresentação da peça em 2018. Agora, disputam lugar no segundo turno.
Montes de Iniestas, Sergios Ramos e Xavis Alonso pululavam em torno da presidente, fazendo planos para a conquista do campeonato, ou seja, de olho na composição do segundo governo e dos lugares do futuro ministério. Pouco a pouco os partidos da base de apoio de Dilma foram saltando de banda, com outros preparando a fuga ainda não concretizada mas já idealizada.
Pergunta-se como essas mutações podem acontecer, contrariando a lógica, e a resposta surge clara: a presunção, quando é demais, engole os presunçosos. Tanto nos gramados quanto nos palácios. |