PT traça estratégia para tentar blindar André Vargas

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Em mais uma manobra para atrasar a conclusão do processo de cassação do deputado paranaense André Vargas (sem partido), três integrantes do PT arrolados como testemunhas não compareceram, ontem (18), ao Conselho de Ética da Câmara Federal, que analisa o caso. Sem dar explicações formais ao colegiado, o presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, e os deputados federais Vicentinho e Candido Vaccarezza se recusaram a depor no caso.

Os três haviam sido convidados pelo relator Júlio Delgado (PSB-MG) para testemunhar no processo em que André Vargas é acusado de manter estreitas relações com o doleiro Alberto Youssef e colocar o mandato a serviço dos interesses do empresário.

“Ao não comparecer, as testemunhas demonstram que há um ato de proteção ao mandato do deputado André Vargas”, disse Delgado. “Existe uma clara proteção daqueles que pedem a expulsão do deputado do PT”, completou o relator.

Preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, o próprio Alberto Youssef será testemunha tanto do relator quanto da defesa de Vargas. Por decisão judicial, o depoimento dele será feito via videoconferência, a partir das 10 horas do dia 1º de julho.

Ontem estava previsto o depoimento de sete testemunhas listadas pelo relator para embasar o processo contra o ex-petista. Além de Falcão, Vaccarezza e Vicentinho, o Conselho de Ética esperava ouvir os donos do Laboratório Labogen, Leonardo Meirelles e Esdra Ferreira; o dono da Elite Aviation, Bernardo Tosto; e o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha.

Nenhum deles compareceu ao colegiado e apenas Bernardo Tosto se dispôs a responder as perguntas dos parlamentares por escrito. O Conselho de Ética não tem poder de convocação, o que permite que testemunhas ignorem os pedidos de depoimento.

Com as ausências de ontem, um novo convite será feito às testemunhas do relator para que compareçam a Brasília na próxima quarta-feira (25). Caso ignorem novamente o pedido de depoimento, elas serão desconsideradas na elaboração do relatório sobre o pedido de cassação de André Vargas.

Vargas começou a cair em desgraça após a revelação de que ele e sua família utilizaram um jatinho de Youssef para passar as férias de fim de ano em João Pessoa (PB). A situação se agravou após a imprensa revelar novos detalhes de sua estreita ligação com o doleiro Alberto Youssef, preso por comandar um esquema de lavagem de dinheiro investigado pela operação Lava-Jato.

Youssef, a quem Vargas chamava de “irmão”, mantinha contato constante com o congressista: os dois trabalhavam para enriquecer juntos fraudando contratos com o Governo Federal. Mensagens de celular interceptadas pela Polícia Federal evidenciaram que Vargas exercia seu poder para cobrar compromissos de Youssef.