O corpo do padre Antônio Henrique Pereira Neto foi encontrado na manhã do dia 27 de maio de 1969, com marcas de tortura e execução, em um terreno baldio na Cidade Universitária. A versão oficial atestava um crime comum, supostamente cometido por toxicômanos, sem motivação política. Quarenta e cinco anos depois, a Comissão Estadual da Memória e Verdade de Pernambuco (CEMVHC) apresenta relatório oficial sobre o caso e conclui que “o assassinato do padre Antônio Henrique foi eminentemente um crime político”. Os detalhes deste trabalho serão revelados amanhã (27), durante coletiva à imprensa, na Capela São José dos Manguinhos, no bairro das Graças, com a presença do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido. O evento é aberto ao público. O documento vai ser apresentado no segundo volume do Caderno da Memória e Verdade da CEMVDHC. O relatório é subdivido em cinco tópicos: biografia, sequestro e assassinato, metodologia de trabalho, documentos confidenciais do Serviço Nacional de Informações (SNI) e a conclusão sobre o assassinato do padre Antônio Henrique. “O crime foi perpetrado por agentes do Estado de Pernambuco, em conluio com civis integrantes da chamada extrema direita, com o desiderato de aterrorizar, amedrontar e coibir o inconteste foco de resistência ao regime militar então exercido por parte considerável da Igreja Católica no Estado de Pernambuco, sob a liderança do arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara”, argumenta o relatório. Ainda durante a ocasião, serão entregues ao arcebispo dom Fernando Saburido dois volumes digitalizados e impressos pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) contendo o prontuário de dom Hélder Câmara e de padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, além de outros documentos relacionados às perseguições políticas ao arcebispo Helder Câmara e seus auxiliares, todos do Arquivo Público Estadual João Emerenciano. Caderno da Memória e Verdade – Lançada no ano passado, a publicação objetiva intensificar o relacionamento com a sociedade, especialmente com aquelas entidades, instituições e pessoas, na maioria ex-presos políticos ou parentes de mortos e desaparecidos, possibilitando o esclarecimento de graves violações de direitos humanos ocorridas no estado ou contra pernambucanos, ainda que fora do território. Comissão de Justiça e Paz – Ainda durante a coletiva de imprensa, o arcebispo metropolitano dom Fernando Saburido irá anunciar a reinstalação da Comissão de Justiça e Paz, instituída por dom Helder Câmara em 03 de março de 1968 e criada com o objetivo de defender presos políticos e perseguidos pela ditadura militar. A presidência da comissão, o arcebispo irá nomear o bispo emérito de Palmares, dom Genival Saraiva de França, que também vai assumir a função de vigário geral da arquidiocese. |