A dança do eu te amo

Carlos Brickmann

 Eleição é um tempo lindo, uma celebração de bons propósitos, a
primavera das grandes amizades. Aécio e Serra se detestam; um jamais tomará cafezinho oferecido pelo outro sem ter um bom provador por perto. Mas o Sol brilha, brilham as estrelas, brilham os olhos de um ao ver que é desejável aliar-se ao outro.

Lula já criticou Dilma para amigos comuns, Dilma já se sentiu
abandonada pelo protetor e patriarca. Lula sabe que Dilma, que antes da eleição já ignorou conselhos como o de livrar-se de Mantega, poderá, num segundo mandato, já que não terá como reeleger-se, esquecer os amigos do passado e eventualmente sugerir que ele, quando quiser encontrar-se com ela, marque uma audiência. Mas a eleição vem aí, um levanta o braço da outra, a outra se diz petista desde criancinha – o que será verdade, se considerarmos que só nasceu após esquecer o PDT.

Alckmin e Kassab, então? Kassab derrotou Alckmin na eleição para
prefeito de São Paulo, e contou com o apoio de gente importante do
partido de Alckmin – inclusive o governador José Serra. Alckmin acabou sendo sucessor de Serra no Governo e dedicou seu tempo a esquartejar Kassab, deixando-o quase sem saída.

Quase: Kassab, adversário histórico do PT, virou amigo dos petistas desde criancinha e montou um partido forte, aliado a Dilma. Aliado, mas não tanto: não o suficiente para deixar de hostilizar o PT paulista. E, talvez tocado pela bondade que preenche o coração de políticos em época de eleição, para voltar a arrulhar com Alckmin (que, por sua vez, voltou a ser amigo de Serra).

A vida é bela!