Amorim defende 2% do PIB para Ministério da Defesa

Agência Brasil.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, defendeu ontem (5), na Câmara dos Deputados, a destinação de pelo menos 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos dez anos para a área da defesa. Em debate sobre projetos estratégicos do setor, o ministro frisou que o país, apesar de pacífico, não está totalmente imune a futuros ataques.

“Nossa política externa é voltada para a paz e o desenvolvimento, mas mesmo um país pacífico como o nosso não pode descartar a hipótese de ser afetado por ações armadas de potências extrarregionais, eventualmente, até geradas por conflitos que nos são estranhos. O Brasil é uma potência na área alimentar, na área ambiental e energética, e são estas áreas que a escassez de recursos, face à crescente demanda mundial, pode gerar crises, como reconhecem conceituadas entidades de diversos países”, argumentou Amorim.

De acordo com o ministro, nos últimos dez anos tem havido um aumento “mais ou menos” constante da execução orçamentária do Ministério da Defesa. As despesas com custeio e investimento, segundo ele, passaram de R$ 3,7 bilhões para R$ 18,3 bilhões. “Se consideramos apenas os gastos com investimentos, saltamos de R$ 900 milhões para R$ 8,9 bilhões. Um aumento de quase 1000% no período”.

Amorim ressaltou que mesmo com esse aumento, a participação dos gastos com a área de defesa em relação ao Produto Interno Bruto permaneceu no patamar de 1,5%. A média mundial, comparou, é 2,6%, e nos países que compõem os Brics, excluindo o Brasil, a média é 2,57%. “Seria razoável, em um horizonte de dez anos, que pudéssemos passar para um percentual aproximado de 2% do PIB”, disse.

O ministro reconheceu, no entanto, que a necessidade de elevar os recursos na área de defesa não pode afetar as políticas sociais do país. “Naturalmente, um país como o Brasil, que só agora está erradicando a pobreza extrema, os gastos com defesa são objeto de escrutínio atento pela sociedade e é correto que seja assim. Mas os investimentos em defesa não pretendem competir com outras áreas de ação do governo, especialmente, a social. Mas não podemos perder de vistas que sem a capacidade de defender a nossa soberania não poderemos ter uma sociedade verdadeiramente livre e independente”, alertou.

Segundo ele, a alocação de mais recursos para a defesa do país deve seguir “o senso de proporção, mas também com visão de mundo”. “O fato de não termos hoje inimigos declarados não nos isenta dos riscos de conflito. Temos o dever de criar condições para que a nossa indústria de defesa prospere e produza frutos”, pontuou.