Dilma meteu os pés pelas mãos. E vice-versa

Renato Riella (Blog)

 A presidente Dilma Rousseff está conformada em garantir presença nosegundo turno. Nada mais do que isso.

Há poucas semanas, ela estava com a eleição ganha no primeiro turno, com performance muito acima da margem dos concorrentes somados. Mas errou tanto, que será muito feliz se conseguir disputar a Presidência na segunda rodada, enfrentando Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB)

– Quem? Quem? Quem?

Quem entende de pesquisa sabe que surge pânico quando algum candidato entra em curva descendente contínua nos percentuais.

Dilma se manteve durante alguns meses estável, na faixa dos 43%, mas vem caindo. Corre o risco de ficar abaixo dos 30% nas próximas
pesquisas. Se chegar nessa faixa, há risco de haver um segundo turno entre Aécio e Eduardo Campos – sem o PT. Já imaginaram!

A presidente demonstrou pânico na TV, no pronunciamento do Dia do
Trabalho, quando abandonou a vestimenta vermelha e lançou como grande notícia o aumento de 10% no valor da “Bolsa dos pobres”. Com isso, ela criou problemas seríssimos para as contas do governo.

O objetivo dos dilmistas é fixar os votos dos protegidos pelo governo,
que teoricamente vão preferir os petistas no dia da eleição, em 5 de
outubro.

O staff do Palácio do Planalto sabe bem que, ao pendurar todas as
fichas na Bolsa Família, Dilma se afasta do restante do eleitorado.
Mas a situação da presidente junto aos brasileiros mais esclarecidos é tão ruim, que o mais aconselhável é mesmo amarrar o apoio dos
miseráveis, dependentes da bolsa-esmola. Foi o que sobrou para Dilma.

Ela tem esperança de que, num segundo turno, com muitos $$bilhões para fazer uma campanha eleitoral desleal, consiga vencer a eleição em segundo turno. Mas isso vai depender do sucesso na Copa do Mundo, do relativo controle da inflação, da normalidade artificial na Petrobras e do possível apoio de partidos diversos, que hoje já estão pulando fora do navio em chamas.

O maior trunfo da Dilma é mesmo o tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita. Mesmo perdendo apoio do PMDB em muitos estados, se ela mantiver o apoio institucional desse partido na eleição federal, desequilibrará a campanha no primeiro turno, com o tempo equivalente à metade do espaço oferecido aos candidatos.

No entanto, prevendo-se hoje que Dilma vá mesmo para o segundo turno, nessa etapa da disputa o tempo de TV ficará dividido de forma igual entre os dois candidatos a presidente. Aí não é moleza, não! Sem contar os debates. Ela não pretendia debater com Aécio e Eduardo Campos na TV, mas agora está desmoronando e não pode se dar a esse luxo. Haja pânico!

Leitura final: as coisas estão ficando muito difíceis para Dilma, mas
está muito cedo para se prever que ela vai perder a eleição. É mais
fácil, nesse momento, tentar adivinhar quem vai vencer a Copa do
Mundo. E mais interessante, também.