| Carlos Chagas
Depois Dilma se queixa da queda nos índices de preferência, enquanto seus adversários lamentam não crescer nas pesquisas. Tudo na surdina, é claro, tendo-se uma impressão de vazio nas campanhas. Os três viajam, mostram-se, costuram alianças mas, com todo o respeito, lembram os Cavaleiros de Granada dos versos de Cervantes, aqueles que “alta madrugada saíram em louca cavalgada, brandindo lança e espada. Para que? Para nada…” Nenhum dos candidatos divulgou detalhes do que fará para acelerar a reforma agrária, combater a inflação, melhorar a vida do trabalhador, recuperar o salário mínimo, estancar a violência urbana e rural, promover a reforma política e melhorar os serviços públicos de transporte, infra-estrutura, saúde e educação. Qual a política externa que vão desenvolver ou de que forma se relacionarão com a sociedade civil, o Congresso e os partidos políticos? Adianta pouco dizer que é cedo, porque já é tarde. A cinco meses da eleição pouca ou nenhuma atenção dedicam aos anseios populares, muito menos às necessidades básicas da nação. Dilma oferece a rotina, mesmo distribuindo tratores para as prefeituras e inaugurando casas populares e obras atrasadas do PAC. Aécio e Eduardo reúnem-se com empresários reclamões, mas estão longe de particularizar metas e objetivos específicos. Convenhamos, parece temerário imaginar que da noite para o dia tudo mudará. Possível, quem sabe provável, cobre o país um desinteresse olímpico por parte do eleitorado diante dos candidatos, só que por exclusiva responsabilidade deles. Depositar esperança numas poucas semanas de propaganda eleitoral gratuita pelo rádio e a televisão poderá frustrar expectativas e sonhos. Se até as novelas perdem audiência… |

A cobrança continua: Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos ainda não apresentaram seus programas. Sabe-se apenas que se reeleita para os próximos quatro anos a presidente desenvolverá a mesma rotina e os mesmos métodos de trabalho adotados até agora. O ex-governador de Minas fala em combater a corrupção, adotando o modelo tucano de governar, mas não define se vai privatizar mais ou menos. Já o ex-governador de Pernambuco dá a impressão de haver afogado o socialismo no Capibaribe, pois nenhuma proposta de reforma social foi por ele apresentada até agora.