A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (20) o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, no Rio de Janeiro. Ele foi preso por tentar destruir provas e documentos, que o envolviam em um suposto esquema de lavagem de dinheiro.
Costa também é investigado pelo Ministério Público Federal no Rio por supostas irregularidades na compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006.
No final da manhã desta quinta, Costa foi detido por investigadores da Operação Lava a Jato da PF, que apura esquema de doleiros que movimentou, de forma suspeita, R$ 10 bilhões. Ele é suspeito de ter ganho um carro de um dos doleiros.
A PF identificou que parentes dele estariam destruindo documentos na empresa que ele abriu depois que deixou a Petrobras. Costa está prestando depoimento neste momento na sede da Polícia Federal no Rio, na praça Mauá (centro). Na sequência, ele fará exame no IML (Instituto Médico Legal) e será transferido para o presídio Ary Franco, em Água Santa, na zona norte do Rio. A Folha ainda não localizou os advogados de Costa para falar sobre a prisão. Os 17 suspeitos da Operação Lava a Jato estão presos em Curitiba (PR).
A operação foi deflagrada na última segunda-feira (17) em seis Estados e no Distrito Federal (DF). Segundo a PF, 17 suspeitos já foram presos. A investigação começou depois que a polícia identificou o contato de um doleiro em Brasília com empresas ligadas a assessores do ex-deputado federal José Janene, um dos réus do mensalão, morto em 2010.
A polícia afirma que praticamente todos os presos já foram investigados, denunciados ou condenados por crimes como lavagem, evasão ou remessa ilegal de divisas. De acordo com a polícia, os doleiros presos são investigados por lavar dinheiro do tráfico de drogas, de contrabandistas de diamante extraídos na reserva indígena dos Cinta-Larga (divisa do MT com RO) e também de obras de engenharia de grandes empreiteiras.
PETROBRAS
O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa também é investigado pelo Ministério Público Federal no Rio por supostas irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras em 2006.
A compra da refinaria é investigada pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público do Rio e pela Polícia Federal. A principal polêmica é o preço do negócio: o valor que a Petrobras pagou em 2006 à Astra Oil para a compra de 50% da refinaria é oito vezes maior do que a empresa belga havia pago, no ano anterior, pela unidade inteira.
Executivos da Petrobras disseram à Folha que a presidente Dilma e todo o Conselho Administração da estatal tinham à disposição, em 2006, o processo completo da proposta de compra de uma refinaria americana, que se mostrou, mais tarde, um “mau negócio”, segundo a própria empresa.
Quando era ministra e chefiava o conselho, Dilma deu apoio à aquisição. Desde 2006, a empresa gastou US$ 1,19 bilhão na usina de Pasadena. Em 2013, recebeu uma oferta de US$ 180 milhões, mas não a vendeu, mantendo-a até hoje.
Ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que revelou o voto de Dilma a favor da compra, a presidente disse em nota ter apoiado a medida porque recebeu “informações incompletas” de parecer “técnica e juridicamente falho”. Dilma afirmou ainda que, se todas as cláusulas fossem conhecidas, “não seriam aprovadas pelo conselho”.
OUTRO LADO
O Planalto disse que a Petrobras abriu em 2008 “procedimento de apuração de prejuízos e responsabilidades”. Porém, em setembro último, a estatal relatou ao Congresso que a compra não “foi objeto de apreciação por órgão de controle interno”. O Planalto informou ainda à Folha que a presidente só teve conhecimento das duas cláusulas que elevaram o preço do negócio em 2008. Questionado se ela não requisitou o processo completo, o governo informou simplesmente que “ela não teve acesso”.
A Petrobras não quis fazer comentários oficiais sobre o caso. Tanto a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, como seu antecessor, José Sérgio Gabrielli, que comandava a estatal na época do negócio, defenderam a operação no Congresso em pelo menos três ocasiões em 2013.
Em maio do ano passado, Foster afirmou que o debate no Conselho de Administração da Petrobras é sempre intenso e a preparação para uma reunião toma “semanas de discussão”. Foster não era titular do conselho na época da compra, mas afirmou que participou de algumas reuniões nos últimos 15 anos como “assistente”.
| Editoria de Arte/Folhapress |
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