| CARLOS CHAGAS
Terá o PMDB coragem de romper com a presidente Dilma? De jeito nenhum. Mesmo se não receber mais nenhum ministério, o partido continuará fazendo cara feia, até ameaçando votar algum projeto capaz de aumentar despesas para o governo, mas daí não passará. Michel Temer permanece como interlocutor, Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros como porta-vozes das bancadas na Câmara e no Senado.
Os governadores peemedebistas, até Sérgio Cabral, estão longe de saltar de banda, mesmo com candidatos do PT no calcanhar deles, nas sucessões estaduais. A estratégia é engolir sapos, claro que apoiando a reeleição da presidente, mas trabalhando para aumentar o número de seus deputados e manter o de senadores.
Na hipótese do segundo mandato para Dilma começaria um novo
relacionamento entre o PMDB e o palácio do Planalto. Seria a hora,
senão do acerto de contas, de outra investida, então sobre o novo
ministério que a presidente então reeleita pretenda formar. Haverá,
por certo, uma cortina-de-fumaça, na forma de ambicioso plano de
governo que o partido ofereceria a ela. Sugestões de reformas nos
setores econômico, social e político poderiam servir como pretexto
para novas exigências fisiológicas, mas nenhuma novidade ou proposta fundamental constaria do documento.
Como dizia o falecido ministro Armando Falcão, ‘o futuro a Deus
pertence’. Sabem os cardeais peemedebistas que se não sobrevierem inusitados, 2018 será outra vez o ‘ano do Lula’. Não vai dar para lançar um candidato presidencial pelo PMDB naquele ano se o primeiro-companheiro confirmar na prática a teoria já exposta por ele mais de uma vez, de retornar.
Até porque, no horizonte um pouco mais esticado das previsões, não há candidato visível. Sendo assim, sobra para o PMDB seguir as lições do esquartejador: ir por partes. |