O caminho das pedras

CARLOS BRICKMANN

 Identificar e prender os dois acusados do assassínio do repórter Santiago Ilídio Andrade foi rápido: bastou examinar gravações e fotos de ambos quando manipulavam o rojão que atingiu a vítima.

Mas abriu-se, agora, um caminho promissor, no sentido de encontrar a raiz da violência e seus articuladores: tanto o advogado dos dois acusados quanto a porta-voz informal de ambos, Elisa Quadros Sanzi, Sininho (ou, como ela se assina, Cininho), mencionam pagamentos aos jovens dispostos a promover quebra-quebras. Como dizia Garganta Profunda, fonte principal dos repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward, que expuseram o escândalo Watergate, “follow the money” – sigam o dinheiro.

Não há grande segredo a desvendar: em suas páginas no Facebook, os cavalheiros falam abertamente de pagamentos. E já existem (embora ainda sem confirmação) listas de contribuintes dos black blocs, que envolvem de políticos a um juiz de Direito.

Seguindo as pistas 

E, além de seguir o dinheiro, há dois outros caminhos abertos à investigação:

1 – Responder “a quem aproveita o crime”. Quem ganha com os black blocs nas ruas – e ganha tanto que investe recursos para que destruam bens dos outros?

2 – Seguir as pistas da reveladora reportagem Por dentro da máscara dos black blocs, de Leonel Rocha, revista Época, capa de 15 de novembro de 2013.

O repórter esteve no sítio de treinamento do grupo, a 50 km de São Paulo, e conversou amplamente sobre pessoas e entidades que financiam o vandalismo.