Cyntia postou no seu perfil no Facebook fotos tiradas poucas horas antes do acidente e do seu pé queimado. Foto: Facebook
Após aproveitar os ensaios dos blocos carnavalescos na Cidade Alta de Olinda no último domingo (10), a consultora de viagens Cynthia Araújo, de 28 anos, caminhava com uma amiga pela Rua do Sol, onde seu carro estava estacionado, quando teria sido vítima de um choque elétrico. A foliã teria recebido a descarga elétrica ao pisar em uma das caixas de metal da Campanhia Energética de Pernambuco (Celpe) instaladas na calçada. A consultora teve queimaduras de terceiro grau no pé direito.
Por meio de nota enviada à imprensa, a Celpe informou que enviou uma equipe ao local, na noite dessa terça-feira (11), e não constatou vazamento de corrente na área indicada. “Preventivamente, os técnicos realizaram vistorias nas demais caixas de fiação subterrânea instaladas ao longo da via e também não identificaram qualquer problema nos equipamentos”, traz a nota. Também por meio de nota, a Prefeitura de Olinda disse que, preocupada com o ocorrido, realizou uma vistoria na área e não identificou vazamento de energia.
“É um absurdo a resposta da Celpe. Recebi sim a descarga elétrica e, inclusive, fiquei agarrada por alguns segundos na placa e depois fui arremessada ao chão. Poderia ter morrido”, afirma Cynthia, acrescentando que seu sapato estava molhado no momento do acidente. Ela contou que, logo após receber a descarga elétrica, sua amiga a levou para um bar para pedir ajuda. “O dono do estabelecimento chegou a comentar que no dia anterior (sábado) viu, de longe, uma pessoa caindo exatamente no local onde fica a placa. Pode ter sido outra vítima”.
A consultora foi atendida no setor de queimados do Hospital São Marcos. No laudo médico entregue pelo hospital consta que a paciente foi vítima de queimadura de terceiro grau e, caso o tratamento não seja eficaz, talvez seja necessário intervenção cirúrgica. “Vou ficar de repouso durante 15 dias, voltando ao hospital todas segundas, quartas e sextas para fazer o curativo e ter o acompanhamento médico. Também precisei me afastar do trabalho”, disse a consultora.
Cynthia pretende processar a Prefeitura de Olinda e a Celpe. Nesta quinta (13), ela deve registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Olinda e fazer exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML). “Não vou fazer isso só por mim, mas também por outras vítimas. É inaceitável que os cidadãos percam suas vidas desta forma. Tive a oportunidade de morar fora do país e perceber o descaso do poder público com os brasileiros. Se já tinha medo de sair na rua por conta da violência, agora também sei que corro outro risco”, disse a consultora.
NÚMEROS – Só este ano, duas pessoas morreram vítimas de choque provocado por fiação exposta da Celpe. A última vítima fatal foi o garoto Diogo José da Silva, 10 anos, que morreu nessa segunda-feira (11) ao tocar num fio de contador na casa onde morava, em Jaboatão dos Guararapes. No último dia 9 de janeiro, outra criança, Ênio Marcondes, 11, encostou em um fio caído no chão em Pau Amarelo, Paulista. Segundo relatório da Agência de Regulação de Pernambuco, desde 2008 já foram registrados 113 óbitos pela mesma causa.
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