Caso Neymar: dúvidas aumentam a cada ‘explicação’

Rosell e Neymar no Camp Nou, em 3 de junho de 2013. A contratação está envolta em muitas dúvidas (Foto Josep Lago / AFP)

Rosell e Neymar no Camp Nou, em 3 de junho de 2013. A contratação está envolta em muitas dúvidas (Foto Josep Lago / AFP)

“Aprendemos a jogar futebol.(…)O Barcelona ensinou como se joga futebol”, Neymar – 18/12/2011

As sombras que pairam sobre a transferência de Neymar para o Barcelona parecem ter muito a revelar. Mas é preciso conseguir decifrá-las, o que é um desafio e tanto.

Foi na liberdade do mercado que o pai do jogador, Neymar da Silva Santos, se escorou para justificar os 10 milhões de euros que recebeu do Barcelona em setembro/outubro de 2011. E o acerto para receber mais 30 milhões quando o negócio foi concretizado. Nesta época, Neymar Jr. ainda tinha longo contrato com o Peixe e se preparava para enfrentar justamente o Barcelona na final do Mundial.

Mas Neymar pai (e empresário) não queria deixar o cavalo selado escapulir. “Os 10 milhões de euros pagos não foram para o Neymar, foram para a N&N. Não tem nada a ver. Não é a pessoa do Neymar, é a empresa”, disse o pai, afirmando que o Santos sabia de tal negócio.

O estafe do jogador divulgou na quarta-feira, dia 29, documento assinado pelo presidente licenciado Luís Álvaro de Oliveira, de 8 de novembro de 2011, liberando o jogador para negociar com outros clubes, desde que respeitado o contrato com o Santos. Horas depois, o presidente em exercício Odílio Rodrigues afirmou que tal documento foi uma exigência do pai de Neymar a fim de aceitar a renovação de contrato com o Santos até 2014.

Como se vê, Santos e “família Neymar” já não estão falando o mesmo idioma.

Leia mais: 
Confira o documento divulgado pelo estafe de Neymar, liberando negociações em 2011
Neymar e a espetacularização do nada

Business. Money, money, money… O mundo é assim. Ok. Mas estamos falando do choque entre interesse privado e desportivo. Assim como existe o choque entre interesse privado e público. É preciso haver limites.

Além do mais, é difícil demais dissociar a tal da N&N de Neymar, o jogador. Em primeiro lugar porque tal empresa só existe pelo fato de haver um astro milionário na família. Em segundo, porque este astro certamente sabe do que se passa com os negócios do pai, em especial os que envolvem seu nome.

Não que a atuação de Neymar contra o Barcelona na decisão do Mundial tenha sido comprometida por tal adiantamento. Isso seria leviano afirmar. Até porque qualquer um que conhece futebol sabe que o craque brasileiro seria recebido com mais respeito e admiração se tivesse dado show em Yokohama. Simplesmente não aconteceu…

O que se afirma aqui é que a maneira como o negócio foi conduzido é obscura. Não foi boa para a imagem do futebol e para a crença de que tudo deveria ser assinado à luz da ética. Mais recentemente, foi a vez do técnico Muricy Ramalho precisar dizer que não sabia de nada

Quiseram dar um chapéu nos demais investidores? Escapulir da Receita Federal? (Já há investigação em andamento). Nenhuma das anteriores? Perguntas que não precisaríamos fazer se tudo fosse explicado previamente.

É muito dinheiro envolvido, em especial ao lembrarmos que Sandro Rosell responde a processos civil e criminal no Distrito Federal em um esquema que possivelmente lesou os cofres públicos (o meu, o seu, o nosso dindim). Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, em especial aos honestos.

 

fonte:cartacapital

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *