REFLEXÃO EM UM ANO ELEITORAL

Dom Luciano Mendes de Almeida, 1998


“Estamos nos aproximando do prazo fatal para a definição dos destinos da Nação. … Não há mais tempo para ilusões. É preciso enfrentar a realidade. … A situação social vem se deteriorando em ritmo acelerado, empurrando para uma crescente marginalização a grande maioria humilhada do povo. … O senso moral e a consciência da responsabilidade cívica estão alarmantemente desgastados. … Na falta de um gesto realmente significativo, que demonstre ao povo não haver pacto possível com a corrupção, cai-se num imobilismo, com a degradação do senso de dignidade nacional e da capacidade de indignação e ética. … E não nos iludamos, a insatisfação popular poderá explodir e assumir proporções convulsionais de consequências catastróficas. … A gravidade da situação torna intolerável a distância entre a retórica e os fatos. … Os lobbies poderosos tentam fazer prevalecer seus interesses sobre os interesses do país. Criou-se um clima em que a compra de votos e a ameaça da perda de cargos e mordomias servem a um fisiologismo político que perdeu o decoro e deve ser repudiado por todas as formas e com a maior veemência. … A questão do sistema de governo deve ser tratada com a maior responsabilidade, buscando soluções menos frágeis e menos permeáveis às crises que ameaçam a normalidade de nossas instituições democráticas”.