Por Carlos Alberto Fernandes*
O candidato Aécio Neves à Presidência, está sofrendo de inibição metodológica. Chama para conversar, mas não sabe ainda o que dizer. O seu discurso ainda é genérico e as suas teses programáticas inconsistentes. O mote da conversa não é assimilado com facilidade pelo nordestino. No nordeste prefere-se político com discurso mais contundente, pois apesar de não ser tão desconfiado como o mineiro, o nordestino não gosta de jogar conversa fora. Por sua vez, a Oposição ainda não disse a que veio. O crítico mais contumaz do governo, não é um político. É um técnico. O economista Gustavo Franco – ex-diretor do Banco Central na era FHC. O Mailson da Nóbrega também ensaia uma análise crítica, mas seus escritos nem sempre tem o impacto desejado, pois fazem lembrar o Plano Cruzado e a contenção de preços do Governo Sarney. A maior sombra do PT – Marina Silva – foi anulada pela Justiça Eleitoral com a inviabilidade jurídica de seu Partido. O seu discurso original foi metamorfoseado pelas conveniências do PSB, um partido até pouco tempo alinhado ao Governo do PT. O discurso oposicionista de Aécio Neves, certamente, estará mais alinhado às questões econômicas do que as propostas políticas. Com a candidatura do Governador de Pernambuco, Aécio encolheu. Está ofuscado pelo espaço político do Presidente do PSB. Ainda não tem programa consistente nem discurso confiável como grande líder da Oposição. As ações e o desempenho político de Eduardo Campos aparecem com maior consistência política e confiabilidade eleitoral. Num certo sentido, independente das qualidades que lhe são conferidas, a sua entrada na corrida empresarial podem parecer muito mais artimanha urdida pelas bruxarias do Lula do que parece indicar os caminhos surpreendentes da política. Se fosse estratégia planejada talvez não estivesse dando tão certo. Apesar do seu desempenho como Governante e o discurso da nova política, os virtuais impactos políticos de sua pré-candidatura são muito mais resultados de sua nova postura como novo elemento da Oposição, gerado pelas contradições do seu ex-alinhamento com o Partido do Governo, do que com teses realmente novas. Enfim, o discurso de Aécio e Eduardo estão no mesmo patamar. São discursos filosóficos ao estilo Arraes. Refletem a mistificação do ideário programático de qualquer partido de bom senso. Sem fulanização e baixaria. A diferença de impacto é porque o sucesso de Eduardo foi conferido dentro dos espaços políticos do PT e sob as asas de Lula – que lhe permitiu todos os voos como aliado preferencial do Planalto. Daí porque o próprio Lula tem observado a necessidade de preservação da imagem de Eduardo, numa ação que vai de encontro à contundência crítica e a ação autoritária e monárquica do PT. Afinal, a história mostra que ações desse tipo são da natureza do Partido. Certamente, o ex-presidente faz gesto de surpresa com a natureza agressiva dos publicações apócrifas do seu Partido. Mas, tudo isso pode ser pantomima política. Afinal, Lula está acostumado “a dar uma no cravo e outra na ferradura”. Enfim, se Aécio só aparece na mídia como homem de conversa; se Marina, perdeu o bonde de pureza ideológica de sua Rede partidária; e, se Eduardo – que teve a benção política de Lula aflora como a estrela mais afluente da Oposição, porque o PT temer a sua candidatura. Afinal, se Dilma caminha a passos largos para a reeleição, certamente, o Governador Eduardo Campos, poderá estar em cena para valer, somente em 2018. Acredite se quiser. *Economista e professor da UFRPE |
Por Carlos Alberto Fernandes*