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| Maria Ivone recebe atestado do óbito de Odijas de Souza. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press |
Quarenta e dois anos depois de uma sentença, documentos oficiais declaram inocentes o ex-deputado federal Ricardo Zarattini e o professor Edinaldo Miranda do atentado ocorrido no Aeroporto dos Guararapes durante o Regime Militar. Eles foram entregues ao ex-político e à familiares de Miranda, que já é falecido, na manhã desta terça-feira (10) pelo governador Eduardo Campos (PSB).
“Esse é um momento carregado de simbolismo, fruto do trabalho da Comissão Estadual da Verdade que com muita dedicação conseguiu coletar provas que estavam espalhadas por todo o Brasil”, disse Campos. Na ocasião também foi entregue uma nova certidão de óbito do líder estudantil Odijas Carvalho, tendo como causa da morte “homicídio por lesões corporais múltiplas decorrentes de atos de tortura”.
Presente no evento, Zarattini também agradeceu o trabalho do grupo e lembrou as torturas que ele e Ednaldo sofreram. “Tudo para confessar um crime que não cometemos”. Ao fim, convocou as pessoas a um tributo à Odijas. “Odijas? Presente! Odijas? Presente”. A homenagem é um costume em reuniões dos grupo e da Comissão, na qual é feita a chamada dos mortos e desaparecidos políticos e as demais pessoas respondem “presente”.
A viúva e Odijas, Maria Ivone Loureiro, e a filha de Edinaldo Miranda, Emília Miranda, também compareceram ao evento e emocionaram-se bastante ao lembrar deles. “Minha vida foi marcada por essa história e eu só fico pensando o que ele diria se estivesse aqui…” disse Emília sem conseguir conter as lágrimas. Ao falar do esposo, morto aos 25 anos, Ivone lembrou de uma música.
“Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar. Essa música era a cara dele”.
Em julho de 1966 foi posta uma bomba no Aeroporto dos Guararapes que teria como alvo principal o general Arthur da Costa e Silva, então ministro do Exército e candidato à sucessão do general Castelo Branco. Ela explodiu deixando duas pessoas mortas e diversas outras feridas.
