É provável que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, ainda venha a ter saudades dos percalços envolvendo a Copa do Mundo no Brasil. Atrasos nas obras, black blocs no caminho, vaias a persegui-lo, infraestrutura capenga e surpresas indigestas de última hora parecerão exóticos recuerdos tropicais quando comparados à penca de problemas com Qatar 2022.
Ainda faltam nove longos anos para o Mundial naquele emirado desértico do Golfo Pérsico, com uma Copa inteira — a da Rússia em 2018 — no meio do caminho. Mas é para o Qatar que apontam as aberrações mais cabeludas, com duras críticas e cobranças mundiais por uma posição oficial da Fifa. O Qatar, que já é o país com maior proporção (e necessidade) de trabalhadores migrantes, terá essa carência duplicada pelas obras da Copa.
Denúncias veiculadas pelo jornal britânico “The Guardian” em setembro e desmentidas pelas autoridades locais haviam revelado um quadro duplamente aterrador para um país que ostenta o segundo PIB per capita mais alto do mundo (US$ 104,754 em 2012) e uma invejável colocação entre as nações com Índice de Desenvolvimento Humano muito alto.
Mas este Qatar retrata apenas seus 225 mil cidadãos de sangue, não o estimado 1,8 milhão restante da população que para ali migra como trabalhadores sem direitos. E que ali construirão o estratosférico Mundial de 2022 a um custo até agora estimado em US$ 134,5 bilhões (R$ 311,6 bilhões). (De O GLOBO – Dorrit Harazim)
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