Em busca das convergências

 por Magno Martins

Eduardo e Marina têm, hoje, o primeiro encontro em São Paulo para afinar a viola em relação ao programa de governo. Candidato do PSB ao Planalto, o governador pernambucano atraiu a ex-senadora com a promessa de absorver os dogmas da sustentabilidade, que passam pelo basta ao desmatamento do pulmão verde da Amazônia à recuperação da fauna e flora da caatinga.

Marina é ambientalista, Eduardo desenvolvimentista. Há muitos projetos que levam ao desenvolvimento do País que, teoricamente, na visão de Marina, comprometem o meio-ambiente.

No Ministério de Lula, a ex-senadora brigou com Deus e o mundo, enfrentou a ira do agronegócio, feriu os capitalistas selvagens aplicando com rigor o código florestal.

Impaciente, Lula deu cartão vermelho à marcação cerrada de Marina aos depredadores, aos desenvolvimentistas antipreservação. O socialismo desenvolvimentista, partindo do laboratório de ensaio em Pernambuco, é palatável ao estômago de Marina?

Eduardo e Marina têm também seus xiitas. Os de Marina já levaram Eduardo escantear o ruralista-desenvolvimentista Ronaldo Caiado, fundador da conservadora UDR. Tempos bicudos na relação conflituosa PSB-Rede virão pela frente.

Até onde Eduardo pode avançar em ganhos eleitorais, atraindo apoios e votos? Eleição é soma, que não rima com subtração. Marina e seus ortodoxos fundamentalistas já sinalizaram que sim, porque a família Bornhausen, de Santa Catarina, foi absorvida sem restrições, diferente de Caiado.

Mas a discussão, hoje em São Paulo, estará restrita apenas às teorias programáticas de governo. O pragmatismo eleitoral é uma segunda etapa a ser construída posteriormente.

ESCONDENDO O JOGO– Cascavilhando na internet, o publicitário José Nivaldo Júnior, da Makplan, descobriu que o Datafolha, não se sabe por quais motivos, escondeu os cenários de avaliação de chapas para o segundo turno. Com a chapa Dilma-Temer frente a Eduardo-Marina, a presidente teria 46% contra 37%. Com Marina na cabeça, o placar seria de empate técnico: 44% a 42%. É por essas e outras que o Governo fez um contrato milionário com o Ibope.

Petista fiel– Embora reconheça que o Estado avançou e que Eduardo não discrimina gestores municipais que não rezem pela sua cartilha, o prefeito de Custódia, Luiz Carlos, do PT, garante que não será seduzido pelos olhos azuis do governador. “Meu voto é de Dilma”, enfatiza.

Falência municipal– Nos rastro do prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio (PMDB), Túlio Vieira (PT), de Surubim, apertou o cinto para tentar escapar do arrocho provocado pelos cortes no FPM. Meteu o facão no seu salário, no do vice-prefeito e secretários, cortando 15% de gordura. Guga Lins (PTB), de Sertânia, já havia feito o mesmo. Os municípios estão inviáveis.

Divisão em Serra– Segundo colégio eleitoral do Sertão, Serra Talhada, a 400 km do Recife, está dividida na disputa presidencial. Cria do ex-prefeito Carlos Evandro (PSB), o prefeito Luciano Duque, neopetista, vota em Dilma, enquanto Evandro vai de Eduardo. Com isso, o prefeito ficou isolado, porque o grupo de Inocêncio Oliveira despejará os votos em Eduardo.

Modelo americano Ao divulgar uma pesquisa sobre a corrida presidencial com a Rede Globo e o jornal Estado de São Paulo depois da descoberta de um contrato de R$ 6,4 milhões com o Governo, o Ibope ficou com a credibilidade arranhada. Bem que o Brasil deveria seguir o modelo americano: quem faz pesquisa para partidos e governos não pode fazer para a mídia.

fonte:blogdomagno