Coletivo Fora do Eixo e a criminalização da esquerda no Brasil

Sidney Rezende
Portal SRZD

Há uma confusão ideológica no Brasil fomentada – de propósito – por parte da imprensa tradicional e por políticos conservadores que não suportam a esquerda. Quando alguém se anuncia simpatizante do PT, PSOL, do antigo PCB ou de qualquer outra agremiação mais distante do centro, torna-se um alvo a ser batido.

A organização Fora do Eixo, responsável pelo grupo que tornou-se conhecido como Mídia Ninja, é o alvo da vez. É legítimo se indagar como eles vivem, como sobrevivem financeiramente, o que pensam, o que querem e que objetivos pretendem atingir.

Se suas fontes de renda advirem de injeções de reais de empresas públicas e/ou privadas, que isto seja transparente. E que o Fora do Eixo preste contas dos seus gastos aos órgãos competentes e que cada centavo vindo de terceiros comprove origem e destino. É esta regra que vale para todas as demais empresas do país. Também deve sair com o setor público. Nada demais.

Cabem aos órgãos de fiscalização utilizar seus aparatos de acompanhamento. Exatamente como é feito com as demais organizações no Brasil. Simples assim.

No entanto, querer criminalizar o “líder” do Fora do Eixo, Pablo Capilé, porque tem simpatia pelo PT, tira fotos com Lula e Dilma, já foi militante do partido ou porque tem proximidade com os homens do poder, nos parece uma manobra política baixa que contribui para a satanização ideológica. É importante sabermos disso, ok. Mas voltarmos o dedo em riste por esta razão, não tem cabimento.

Eu próprio encontrei com Lula em três ocasiões. Passados estes anos, ele não tem a mínima ideia quem eu seja, mas se me fosse dada a oportunidade de entrevistá-lo novamente, eu o faria. E não seria nada demais tirar fotos ao lado dele. É uma personalidade política do nosso tempo e um líder que se nada mais fizesse, mesmo assim, já tem garantido seu lugar na história política do país. Lula é uma referência mundial.

Não tenho a mínima simpatia por seitas, líderes carismáticos que mandam nos demais, gente que vive confinada seguindo uma rotina que transparece obsessão. Mas nem por isso os condeno por escolher esta vida para eles. Cada um tem o direito de pensar e agir como desejar, desde que respeitem os direitos dos demais de defenderem seus princípios democráticos.

Satanizar partidos legais e estigmatizar pensamentos ideológicos distintos não ajudam em nada a construção de um país plural que desejamos.