Dilma: ‘Não estou cogitando corte de ministérios’

Folha de S. Paulo – Mônica Bergamo

Presidente diz que medida não geraria economia, afirma que Mantega ficará na Fazenda e vê inflação sob controle

Petista defende regulação do ‘negócio’ das comunicações‘, não do conteúdo e nega bloquear diálogo com empresariado

 Apesar da pressão pública e até de aliados, a presidente Dilma Rousseff diz que não cogita reduzir o número de ministérios. Diz que já tomou todas as medidas para diminuir custos do governo, afirma que o desemprego subiu na ‘margem da margem da margem’, nega que tenha relaxado no controle da inflação e diz que não pretende mudar a equipe econômica: ‘O [ministro] Guido [Mantega] está onde sempre esteve: no Ministério da Fazenda’.

Ela defende também o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, criticado até no PT por supostamente defender as empresas de telecomunicações e interditar discussões sobre eventual regulação do setor de radiodifusão. ‘A regulação em algum momento terá de ser feita’, afirma a presidente. Leia aqui na íntegra a parte final da entrevista concedida a Mônica Bergamo.

 

 

Petista afirma que reforma é pedido de ‘todo mundo’

Continuação da entrevista concedida a jornalista Mônica Bergamo. Leia o trecho em que Dilma Rousseff fala de plebiscito, reforma política e Mais Médicos.

Para presidente, plebiscito daria mais legitimidade a mudanças na política

‘Como explicar 700 municípios sem médicos?’, pergunta, ao defender importação de profissionais da saúde

 Sua principal proposta em reação às manifestações foi a realização de um plebiscito para fazer a reforma política. A crítica à senhora é que ninguém nas passeatas pedia isso.

Pois acho que tá todo mundo pedindo reforma política. As manifestações podiam não ter ainda um amadurecimento político, mas uma parte tem a ver com representatividade, valores, o que diz respeito ao sistema político. Ao fato de que os interesses se movem conforme o financiamento das campanhas. Não dá para cuidar de transparência sem discutir o sistema. “O gigante despertou”, diziam nos protestos –o que mostra o inconformismo com a nossa forma de representação.

O Congresso Nacional fará reforma contra ele mesmo?

Querida, por isso que eu queria um plebiscito. A consulta popular era a baliza que daria legitimidade à reforma.

Mas a senhora concorda que o plebiscito não sai?

Eu não concordo com nada, minha querida. Eu penso que é importante sair. E não sei ainda se não sai. Eu acho que é inexorável. Se você não escutar a voz das ruas, terá novos problemas.

E a saúde? Os profissionais da área dizem que o Mais Médicos é uma maquiagem porque o país tem uma estrutura precária de atendimento.

É? Pois é. Acontece que botamos dinheiro em estrutura. Jornais e TVs mostram que há equipamentos sem uso. Como você explica que 700 municípios não têm nenhum médico? E que 1.900 têm menos de um médico por 3.000 habitantes? Uma coisa é certa: eu, com médico, me viro. Sem médico, eu não me viro.